A internet é uma plataforma eleitoral ainda recente, e os candidatos que souberem utilizá-la corretamente podem conquistar boa vantagem sobre os demais concorrentes.
Em entrevista à Presença Online, o especialista em comunicação política e moderador da Instituto Friederich Naumann, Marcelo Puppi, falou sobre a crescente influência da campanha eleitoral online nos pleitos modernos.
Puppi tem grande experiência em política e campanhas eleitorais, já foi vereador de Campo Largo, município do Paraná, e assessor nas campanhas de Índio da Costa, vice de José Serra na eleição para presidente de 2010, e do atual governador de Santa Catarina, Raimundo Colombo. Nas duas campanhas Puppi fez uso da campanha online.
Qual a expressão real do trabalho online em uma campanha política?
Marcelo Puppi – Campanha política é difusão de mensagem. Não existe difusão sem rede de informações. A internet revoluciona a maneira como vemos o mundo. Entramos na era da videopolítica. Na verdade a sociedade mudou e os políticos não. Agora teremos uma campanha rápida pela frente e a oportunidade para candidatos mostrarem que estão conectados com os novos tempos.
A campanha para internet deve servir de complemento para a campanha de televisão e rádio ou deve ter sua própria estratégia?
MP – Os dois fatores. Ela complementa a televisão, o rádio e até o corpo a corpo. A mensagem precisa ser a mesma. A estratégia pode ser própria, porém coerente e sintonizada com outros meios. Na TV e no rádio temos a difusão da informação, na internet a possibilidade do convencimento. Lá o processo de comunicação unidirecional, antigo. Aqui, o processo de comunicação multidirecional. Lá o líder fala e a multidão escuta. Aqui o líder fala e a multidão fala também, curte, compartilha, critica e até cutuca.
Qual o público alvo da campanha online?
MP – Depende da estratégia do candidato. Podemos ter os mais variados públicos. Já se foi o tempo que internet era coisa para jovens.
Existe a possibilidade de em algum momento ela ganhar maior importância numa campanha?
MP – A cada nova eleição, maior importância ela adquire. As de Obama, por exemplo, pela mensagem. A de ACM Neto, como prefeito de Salvador, foi espetacular no sentido de complementar e ampliar as informações passadas na televisão. Cabem aos profissionais que apoiam os candidatos descobrir estes novos nichos.
É possível que um candidato se eleja sem o uso da internet e das mídias sociais?
MP – Nenhum candidato se elegerá apenas com a rede. Mas nenhum ganhará se não estiver na rede. E isto não apenas na sua presença em sites, blogs, redes sociais, aplicativos. Mas também é, principalmente, o que falam dele na rede e do controle necessário da imagem pública.
Que fatores existem numa campanha online que não encontramos na offline?
MP – Uma campanha online exige informação, entretenimento e diálogo. A internet é o novo AGORA, a nova praça ampliada. Será cada dia mais real. Um verdadeiro big brother. Antes a política era um ato de reflexão. Caminhamos para o espetáculo.