Em 2014 dei uma entrevista para o jornalista José Roberto Castro, da Agência Estado, sobre como seria a atuação das próximas campanhas políticas na internet: redes sociais, militantes virtuais, guerrilha e as tendências sobre o uso de ferramentas digitais.
Houve a repodução em diversos veículos como Exame, Isto É, Dinheiro e Estado de Minas. Reproduzi o texto aqui para que os leitores da Presença Online também tivessem acesso.
As manifestações de junho, a primavera árabe e o Occupy Wall Street são alguns exemplos de como as redes sociais mudaram o processo de participação política. Em eleição, o potencial de crescimento da internet no Brasil é imenso, mas o avanço acontecerá mais lentamente do que seria possível por causa do conservadorismo de marqueteiros.
Essa é a avaliação do estrategista de comunicação digital Marcelo Vitorino, que atuou na campanha vitoriosa de Gilberto Kassab (PSD) à Prefeitura de São Paulo, em 2008, em entrevista exclusiva ao Broadcast Político, serviço da Agência Estado.
Ao falar da importância das redes sociais numa campanha política, o estrategista acredita que o pleito presidencial do ano que vem deverá ser na base do vale-tudo na web: “(A campanha presidencial) deverá ser a mais suja de todos os tempos na internet.”. Por essa razão, Vitorino ressalta que aumenta a importância da internet neste processo.
“Nem sempre é a campanha que apela, às vezes o militante acha que está ajudando e apela. Por isso é necessário treinar o militante e este treinamento começa agora”, conta o especialista, que já está trabalhando para pré-candidatos a governos estaduais e negocia com presidenciáveis.
Sobre a avaliação de que há um conservadorismo nos marqueteiros de campanha, o estrategista explica que geralmente este profissional não é um entusiasta da internet. “Os grandes marqueteiros ainda têm dificuldade com os canais digitais”, reitera.
Por conta da descrença e do temor dos marqueteiros, cada vez mais poderosos nas grandes campanhas, Vitorino aposta que as maiores inovações devem acontecer em eleições minoritárias.
Para o próximo ano, a grande aposta será o trabalho com aplicativos vinculados às redes sociais, o primeiro passo para a criação de discursos segmentados de acordo com cada fatia do eleitorado.
“Quando você cria uma página no Facebook e ganha um ‘like’ (gostei), você não tem acesso aos dados de quem curte. Com essas ferramentas, as campanhas podem captar os dados e o trabalho de inteligência fica muito maior”, conta Vitorino, que já atuou também na área digital nas campanhas de Orestes Quércia, José Serra (2010) e Netinho de Paula (2012).
Segundo o estrategista, com os dados em mãos, abre-se um novo mundo para que os partidos explorem seu eleitorado, conheça o perfil e o que interessa ou incomoda o usuário. “É possível saber a tendência de consumo de informação do público, idade, região que mora, do que gosta. É o caminho para a segmentação de conteúdo, que é uma tendência para essa campanha eleitoral”.
A internet é também um território de ataques, muitas vezes anônimos, mas capaz de causar estragos aos candidatos. Vitorino diz que pretende apostar nas chamadas “vacinas” e em treinamento de militantes.
As vacinas são vídeos ou textos abordando pontos polêmicos da trajetória do candidato, seja na vida pessoal ou sobre sua posição sobre algum assunto polêmico. Antes que o ataque tome grandes proporções, a campanha está preparada para respondê-lo.
Em 2012 eu já havia escrito sobre os custos de uma campanha eleitoral digital em contraponto com os baixos orçamentos e visões de curto prazo dos marqueteiros. Também publiquei um estudo de caso da campanha de Orestes Quércia, que teve o planejamento como eixo principal do trabalho.
Até mais!