Muitos profissionais e aspirantes a cargos eletivos acreditam que o sucesso de uma estratégia de comunicação na pré-campanha se resume a estar presente em todas as redes sociais e postar todos os dias. No entanto, é preciso ter muito cuidado. A ansiedade para se tornar conhecido muitas vezes faz com que o pré-candidato cometa erros graves que, em vez de construir uma reputação sólida, acabam destruindo sua credibilidade antes mesmo da corrida eleitoral começar oficialmente.
A construção de imagem na pré-campanha é um processo delicado de semeadura. É o momento de estabelecer confiança, mostrar competência e criar laços com as pessoas. Quando você publica o conteúdo errado, o eleitor — que tem uma memória seletiva e muitas vezes implacável — pode rotular você de forma negativa. E mudar essa primeira impressão depois, meu caro, custa muito caro e leva tempo, algo que não temos de sobra em ano eleitoral.
Para que você não caia nessas armadilhas digitais, separei cinco tipos de conteúdos que costumam ser fatais para quem deseja disputar uma eleição e que você deve riscar do seu planejamento agora mesmo.
1. Conteúdo genérico focado apenas em likes
Vamos ser sinceros: quem não gosta de ver os números de curtidas subindo? Mas na política, métrica de vaidade não ganha eleição. Um erro clássico é o pré-candidato virar refém do algoritmo e começar a postar apenas fotos bonitas de família, vídeos de gatinhos, dancinhas do momento ou frases motivacionais vazias.
O problema disso é que você atrai um público que está ali pelo entretenimento, não pela sua liderança ou suas ideias. Você cria uma “fábrica de likes”, mas não gera autoridade política. Quando chegar a hora da campanha e você precisar falar sério sobre os problemas da cidade, essa audiência vai ignorar você, porque a sua imagem na pré-campanha foi construída sobre bases fúteis.
2. Divulgação antecipada de propostas e número
Segure a ansiedade! A pré-campanha NÃO é o momento de apresentar plano de governo, prometer que vai resolver a saúde do município ou divulgar o número do partido. Além de ser estrategicamente ruim — pois seus adversários podem copiar suas ideias ou atacá-las antes da hora —, isso pode configurar propaganda eleitoral antecipada.
O eleitor ainda não está com a cabeça na urna. Se você tenta vender o voto agora, parece aquele vendedor chato que insiste em oferecer um produto que ninguém quer comprar naquele momento. Foque em levantar debates, ouvir as pessoas e mostrar que entende os problemas reais, sem apresentar a “solução mágica” ou pedir voto.
3. Impulsionamento de conteúdo com cara de campanha
Esse é um terreno minado onde muitos perdem o mandato ou pagam multas pesadas. A lei permite impulsionamento na pré-campanha? Sim, permite. Mas o conteúdo precisa ser muito bem pensado. Você não pode impulsionar nada que contenha pedido explícito de voto, exaltação exagerada de qualidades pessoais como se fosse o “salvador da pátria” ou promessas de gestão futura.
Usar o tráfego pago para dizer “quero contar com você para mudar nossa cidade” é um risco jurídico imenso. O impulsionamento nesta fase serve para ampliar o alcance das suas ideias e posições sobre temas de interesse social, não para fazer o “pedágio” do voto.
4. Manter material antigo e fora de contexto no ar
A internet não esquece, mas você deve organizar a casa. Um conteúdo que queima sua imagem muitas vezes nem é novo: é aquela foto de cinco anos atrás em uma festa duvidosa, um comentário agressivo sobre um time de futebol ou uma crítica feroz a um partido que hoje é seu aliado.
Os adversários vão vasculhar sua vida digital. Antes de se lançar, faça uma “faxina” nas suas redes. Verifique se o que está lá condiz com o posicionamento que você quer ter hoje. Deixar pontas soltas no passado é dar munição para a oposição criar narrativas negativas contra você.
5. Ações promocionais com tom eleitoreiro
Sabe aquela ação de entregar sopão, pintar meio-fio ou distribuir brindes que “coincidentemente” acontece perto da eleição? As pessoas percebem quando a caridade tem interesse por trás. Realizar ações promocionais com um tom puramente político, fora do tempo adequado, gera antipatia.
Passa a imagem de que você é um oportunista que só aparece de quatro em quatro anos. A comunicação deve retratar sua vivência e sua conexão genuína com a comunidade, e não eventos fabricados para tirar fotos. Se parece forçado, o eleitor rejeita.
Resumo: como proteger sua reputação
Para garantir que sua pré-campanha seja um trampolim e não um buraco, lembre-se destes pontos:
- Aposte em conteúdo que gere autoridade, não apenas curtidas.
- Não apresente propostas ou número agora; foque em diagnóstico e escuta.
- Cuidado redobrado com o que é impulsionado.
- Limpe suas redes de conteúdos antigos que possam ser mal interpretados.
- Evite ações que pareçam oportunismo eleitoral.
Se você quer aprofundar seu conhecimento e aprender o passo a passo seguro para vencer as eleições, recomendo que conheça o curso Imersão Eleições. Lá, nós tratamos de todas as etapas do planejamento, jurídico e contábil para que você não corra riscos desnecessários.
Um abraço e bom trabalho na construção da sua imagem!



