Palavras têm poder! A origem de uma palavra denota a força de seu significado. Não poderia ser diferente com o termo “comunicação”: comunhão. Ao comunicar, alguém compartilha algo com outrem em comunhão. Comunicação é tornar algo comum. É doar uma informação que tenho – embora esse conceito seja utilizado para manipular com algo falso que se deseja publicizar.
A revolução tecnológica, dentre muitas inovações, transformou a forma de comunhão… de comunicação. E, como qualquer outra transformação, promoveu novos hábitos e demandas.
Um mundo de transformações
Um mundo novo. A velocidade da informação, a potência das interações (que sempre existiram mais lentamente) e, o mais extraordinário, a percepção sobre como os outros reagem. O que os psicólogos comportamentais denominam de “alteridade” – a formação da identidade pela contribuição do outro – ganhou forma, abrangência e dinamismo.
Esse mundo de transformações promoveu necessidades de gestão comunicacional mais eficaz na esfera política e, também, na mercadológica.
Ao percorrer os corredores, verdes e azuis, do Congresso Nacional com um olhar mais atento é possível perceber um novo perfil de portadores de crachás. Nos últimos anos, os profissionais de comunicação povoaram densamente os gabinetes de deputados e senadores.
Foi essa impressão que o Instituto Informa buscou traduzir em números na recente pesquisa realizada com congressistas. Com amostra de 222 entrevistas de deputados e senadores, contingente expressivo do universo pesquisado.
O que diz a pesquisa do Instituto Informa com os Congressistas
Os congressistas reagiram às necessidades dos tempos de revolução tecnológica: 94% dos entrevistados afirmaram contar com profissionais de comunicação nos gabinetes. A pesquisa segmentou os respondentes em busca de padrões e decifrou alguns: profissionais de comunicação estão mais presentes em gabinetes de congressistas mulheres e de senadores.
Outro traço revelador de padrões é a maior presença de profissionais atendendo congressistas da federação composta por PT, PcdoB e PV – em contraste com políticos do PL, provavelmente mais vocacionados a uma comunicação mais personalista.
Contrasta com o percentual de gabinetes atendidos por profissionais de comunicação a informação sobre a quantidade de congressistas que contaram com marqueteiros (termo estranho para comunicação política que pegou: não há o que fazer!) na última campanha – 60,6% dos entrevistados contaram com esse tipo de profissional.
Essa aparente contradição pode reforçar a tese de que equipes bem treinadas, sobretudo com o domínio de novas linguagens, ocupam papel de destaque em campanhas. Dos que contrataram marqueteiros, 40% fizeram de forma permanente.
Outros 40%, em consultorias específicas – o que pode significar processos de “mentoria” para equipes de trabalho comunicacional. Além disso, 14% contrataram treinamentos de equipes. As famosas “houses” (equipes internas) de comunicação e marketing do mundo corporativo se apresentam como tendência no mundo político.
O papel dos marqueteiros para comunicação política
A tendência das equipes próprias, com suporte de treinamentos e mentorias, não neutraliza as referências de profissionais. Ao serem perguntados sobre marqueteiros que conhecem nomes de atuação nacional ou regional, foram citados em algumas camadas de importância. Do total de respondentes, 61,8% citaram algum profissional.
Dentre os que citaram, 50% indicaram nomes que não pontuaram (alcançaram um ponto percentual) – o que indica a atuação pulverizada de número expressivo de profissionais. Entre as camadas dos mais citados, a pesquisa indica o protagonismo de Duda Mendonça (falecido em 2021) com 39% das citações – o protagonismo de Mendonça é índice da expressão icônica de sua atuação em estratégias de comunicação (ainda que com protestos de alguns de seus críticos). O segundo mais citado foi João Santana (16%), substituto de Duda nas campanhas petistas – além da atuação em 2022 com Ciro Gomes (PDT).
Empatados em terceiro lugar (com 9%) foram citados Sidônio Palmeira (que atuou na campanha vitoriosa de Lula em 2022) e Marcelo Vitorino – professor e consultor de marketing politico conhecido por campanhas como as de Marcelo Crivella para prefeitura do Rio de Janeiro, Marcos Rocha para o governo de Rondônia e Arthur Henrique para prefeitura de Boa Vista e pelos cursos de qualificação profissional em marketing político. Outros citados com 1% a 2%: Paulo de Tarso, Mário Rosa, Duda Lima, Paulo Vasconcelos e Sérgio Lima.
Os congressistas brasileiros estão propensos à comunhão! E buscam apoio para essa empreitada com equipes próprias e consultorias especializadas – sem perderem a referência de profissionais que podem contratar. Com toda essa predisposição, é possível que em menor número se reclame que estão sumidos ou ausentes.
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