Existem diversas propostas encantadoras de monitoramento de redes sociais. Por meio de dados do Facebook e do Twitter, dizem que é possível encontrar o que o eleitor diz sobre o seu candidato e seu sentimento por ele.
Mas a realidade não é bem assim…
O que são APIs e como funcionam?
Há alguns anos, o Facebook mudou a sua política de APIs. Ele funciona como se fosse um guia de programação para que aplicativos externos se conectem no Facebook.
Vou dar um exemplo de como funciona um API.
Quando você vai fazer um login social, você vai em algum site e ali tem ”logar-se com seu Facebook”, ao clicar, existe um API, que é uma conversa entre o site que você está e a plataforma.
Então nesse API, o Facebook permite que o site use os cadastros que estão na rede social para alimentar seu banco de dados,
Isso é um API.
Como funcionava o monitoramento em redes sociais? Como funciona hoje em dia?
Antes, você podia contratar uma empresa de monitoramento.
Uma ferramenta de monitoramento podia ser o Seekr, o Scup ou qualquer outra que você gostasse mais, por funcionalidade ou preço.
Escolhida a ferramenta, você marcava quais eram as palavras-chaves a serem monitoradas.
Exemplo: Eu quero monitorar a Ponte do Rio Branco. Então toda vez que algum usuário em redes sociais digitasse ”Ponte do Rio Branco” e apertasse enter, essa ferramenta pegava esse monitoramento e identificava a origem.
O problema é que o Facebook não permite mais que isso aconteça. Hoje o monitoramento é baseado somente em menções publicadas no Twitter em contas abertas. E se o perfil no Twitter tem a conta fechada, você não vai monitorar o que ele está dizendo.
O Facebook perdeu essa funcionalidade das empresas. Não dá mais para monitorá-lo.
Na maioria dos casos, as discussões estão centralizadas não mais do que no Twitter. Creio que se não fosse o uso do Trump, pela opção dele por colocar o Twitter como seu canal de comunicação, era provável desse canal ter decrescido ainda mais. As pessoas voltaram a olhar para o Twitter com o Trump.
Mas, a realidade é que, na maioria das cidades, principalmente as menores, o número de usuários no Twitter vem caindo vertiginosamente. As pessoas não dão mais a relevância que davam em 2008 e 2010, ou seja, faz bastante tempo já.
Algumas empresas de monitoramento, aproveitam-se do desconhecimento de candidatos para vender um monitoramento que é meio ”coxo”, um monitoramento parcial. Afirmam que vão entregar um mapa de eleitores e como eles pensam, quando na verdade entregam o que um grupo pequeno diz, quando levamos em consideração a amostra do Twitter.
Vale a pena usar o monitoramento em redes sociais?
Marcelo, você está dizendo que eu não devo utilizar o monitoramento?
Não é bem assim, devemos sim, utilizar o monitoramento.
Eu uso o monitoramento em campanhas grandes, por exemplo, para poder ter uma ideia da evolução de um tema ou se eu estou tendo uma crise baseada em um determinado assunto. Vamos supor que meu candidato sofreu um acidente e quero monitorar a evolução daquele tema ao longo dos dias e das horas.
Eu não vou conseguir ter acesso ao sentimento, mas vou conseguir ter uma ideia de replicação do tema, pelo número de retweets e o número de compartilhamentos. Isso é provável, se você tem uma campanha grande e quer principalmente comparar qual crise é maior, vale a pena fazer um monitoramento.
Como identificar qual crise é maior? É preciso parametrizar, criar índices. Por exemplo, na crise 1, tive mil compartilhamentos por hora. Na crise 2, na primeira meia-hora tive dois mil compartilhamentos.
Isso quer dizer que a chance desse segundo assunto ser maior é muito grande. O que já vai me mobilizar a tomar providências mais rápidas do que no primeiro assunto.
Entendeu a história?
Usamos o monitoramento para criar uma métrica para fazer gestão de crise e não necessariamente identificar o que o eleitor A e B está falando, a não ser que ele seja um grande influenciador. De qualquer forma, você também precisa de indicadores para classificá-lo como tal.