Diferentemente do que ocorre nos Estados Unidos, os políticos brasileiros nunca deram muita importância para o período que antecedia o eleitoral. Candidatos praticamente se escondiam até que as propagandas na televisão começassem. Depois inundavam as ruas com militantes pagos, carros de som com jingles “chicletes” no último volume e muito papel. A questão agora é que com as mudanças na legislação eleitoral e com o aumento no uso de internet no marketing eleitoral, essas condições, que antes garantiam a vitória de um candidato, não mais existem.
Partidos e candidatos precisam, o quanto antes, atentar que agora o período da pré-campanha é até mais importante do que o próprio período eleitoral. E essa mudança se dá por um critério muito simples e, ao mesmo tempo, o mais importante em uma campanha eleitoral: o tempo.
Aquele tempo que marqueteiros tradicionais tinham para apresentar os candidatos à população ficou muito mais curto, com cerca 45 dias para o primeiro turno, começando em 16 de agosto, com a permissão de propaganda eleitoral na internet. Já propaganda eleitoral gratuita na televisão, começará apenas no dia 26 de agosto, reduzida a blocos de 10 minutos e inserções ao longo do dia, divididos entre os candidatos.
Por outro lado, a lei agora garante aos candidatos o direito de se apresentarem aos eleitores antes desse período e algumas ações também podem ser feitas, por exemplo, a captação de doações, que pode começar em 15 de maio, três meses antes da campanha efetivamente começar.
De forma muito objetiva, quem entender as possibilidades e começar a trabalhar desde já, levará uma vantagem considerável em relação a quem continuar apostando seus recursos como antigamente.
As ações mais importantes durante uma pré-campanha eleitoral
Para ficar ainda mais claro, listei algumas das ações que devem ser realizadas para aproveitar adequadamente o tempo da pré-campanha e que, se deixadas para o período eleitoral, terão a eficácia muito comprometida:
Selecionar e treinar equipe de trabalho
A cada dia que passa, menos profissionais qualificados sobram para contratação. Temos 27 estados, com ao menos 5 bons candidatos para governo de estado e também outros 5 para o senado, só nessa conta já são 270 candidatos de grandes campanhas. A estimativa de candidatos para deputado federal e estadual chega a 25 mil postulantes.
Identificar as melhores pautas para alavancar o conteúdo da campanha
Com a internet é possível identificar os termos mais procurados por eleitores segmentando a região em que vivem e também os conteúdos mais atrativos de acordo com seus interesses. Conheça também a pesquisa O que o eleitor conectado quer.
Mapear influenciadores, públicos de afinidade e canais de comunicação
É melhor antecipar todo o trabalho de mapeamento de influenciadores e também identificar quais os públicos que tem mais afinidade com o candidato, para não perder tempo algum durante a campanha. Este tipo de pesquisa pode ser realizada utilizando as possibilidades de segmentação do Facebook, por exemplo.
Desenvolver tecnologia (site, aplicativo mobile, bots de Facebook e WhatsApp)
Da mesma forma que faltam profissionais de campanha, os desenvolvedores de tecnologia também ficam lotados de trabalho durante o período eleitoral, o que faz a qualidade da entrega cair e o preço subir, daí a recomendação de usá-los na pré-campanha.
Preparar vacinas para ataques de notícias falsas e crises de imagem
Em quase toda crise o fator “tempo” é o que determina a sua dimensão. A pré-campanha serve muito bem para que todos os preparativos sejam feitos e, caso um problema aconteça, o tempo de resposta seja quase imediato. Crie uma estrutura profissional de monitoramento e gestão de crise.
Testar e produzir conteúdos para o período eleitoral (vídeos, artigos, infográficos)
Boa parte das propostas de uma candidatura já estão determinadas muito antes do período eleitoral, o que permite a antecipação de toda produção do conteúdo, ficando para a campanha apenas a cobertura das agendas e de fatos fora do planejado.
Construir reputação nos mecanismos de busca (Google, Bing, e outros)
Quando um eleitor deseja saber mais sobre um candidato o mais comum é que faça uma pesquisa no Google, porém mecanismos de busca podem levar de 3 a 6 meses para incluir conteúdos nos resultados, o que inviabiliza o trabalho se realizado apenas no período eleitoral.
Reunir cadastros e informações para big data
O partido Democratas levou 5 anos para construir o big data que Obama utilizou em sua primeira campanha, reunindo mais de 10 milhões de cadastros. O mesmo deve ser feito por toda campanha que deseja se comunicar diretamente com os eleitores certos.
Organizar e estabelecer relacionamento com a militância partidária ideológica
Parte do trabalho de disseminar informações e combater notícias falsas ou boatos acaba ficando na responsabilidade da militância, que precisa ser organizada e treinada para agir quando necessário.
Disseminar a imagem do candidato e estabelecer relacionamento com simpatizantes usando as redes sociais
Cada ação de comunicação realizada costuma gerar retorno por parte do público de interesse e é preciso estar pronto para dialogar com as pessoas, respondendo comentários e também convidando para ferramentas de mobilização.
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