O pesadelo de qualquer candidato ou profissional de marketing político é acordar e ver o WhatsApp inundado com uma mentira que destrói a reputação construída ao longo de anos. Saber combater fake news em campanhas eleitorais deixou de ser um diferencial para se tornar uma questão de sobrevivência política. O cenário atual, com a velocidade das redes sociais e o uso de inteligência artificial, exige que a equipe de comunicação esteja preparada não apenas para reagir, mas para prevenir ataques de desinformação. Se você espera a crise chegar para decidir o que fazer, sinto informar: você já está atrasado.
Para proteger uma candidatura, é fundamental entender que a batalha contra as notícias falsas não se vence apenas nos tribunais ou com notas oficiais frias e distantes. O combate à fake news exige estratégia, monitoramento constante e, principalmente, uma base de apoiadores mobilizada e pronta para defender a verdade. Não existe bala de prata, mas existe método para minimizar danos e retomar o controle da narrativa durante a campanha eleitoral.
Por que a nota de repúdio não funciona
Vamos ser sinceros: a nota de repúdio é aquele documento que apenas a sua equipe, sua mãe e os jornalistas (por obrigação) vão ler. O eleitor comum, aquele que recebeu a mentira no grupo da família, dificilmente será impactado por um texto formal publicado no site oficial ou no feed do Instagram com um fundo preto e letras brancas.
Para combater fake news, você precisa utilizar a mesma velocidade e os mesmos canais que a mentira utilizou para se propagar. Se o ataque veio por áudio no WhatsApp, a resposta precisa circular em áudio no WhatsApp. Se foi um vídeo no TikTok, a resposta deve ser um vídeo na mesma plataforma. A comunicação política moderna exige agilidade e linguagem adequada. Responder um meme ofensivo com um texto jurídico é como tentar apagar um incêndio na floresta usando um copo d’água.
A estratégia da vacina: antecipe os ataques
Uma das estratégias mais eficazes que ensino é a chamada “vacina”. Em vez de esperar o adversário explorar um ponto fraco do candidato, você mesmo aborda o assunto, mas sob a sua ótica, antes que o ataque aconteça. Isso é essencial no marketing político.
Por exemplo, se o candidato responde a um processo judicial que já foi esclarecido, não espere a oposição distorcer os fatos. Crie uma área no site chamada “A Verdade sobre o Processo X” ou grave um vídeo onde o próprio candidato explica a situação de forma transparente. Quando a fake news surgir, a sua base já terá a informação correta e o link pronto para compartilhar. Quem chega primeiro na formação da opinião leva vantagem. Quando você se antecipa, você tira o “furo” do adversário e esvazia o potencial de escândalo.
Mobilização: o seu exército de defesa
Aqui está o segredo que separa as campanhas profissionais das amadoras: a mobilização. Você não consegue combater uma rede de desinformação sozinho ou apenas com a equipe contratada. Você precisa de gente de verdade, engajada e disposta a defender o projeto.
É fundamental ter grupos de transmissão organizados (no WhatsApp ou Telegram) com seus apoiadores mais fiéis. Quando uma mentira começar a circular, a equipe de comunicação deve produzir rapidamente o material de contra-ataque — seja um vídeo curto, um card explicativo ou um áudio — e enviar para esses grupos com uma instrução clara: “Pessoal, estão espalhando essa mentira. A verdade é esta aqui. Por favor, compartilhem nos seus grupos”.
Essa capilaridade orgânica tem muito mais credibilidade do que a fala oficial do candidato. É o vizinho falando para o vizinho, o primo falando no grupo da família.
O papel do jurídico e das plataformas
Claro que o setor jurídico é indispensável. As plataformas de redes sociais e a Justiça Eleitoral têm mecanismos para a remoção de conteúdo calunioso e direitos de resposta. No entanto, o tempo da justiça nem sempre acompanha o tempo da política. Uma mentira pode viralizar e causar danos irreversíveis em poucas horas, enquanto uma liminar pode levar dias.
Por isso, a atuação deve ser conjunta: enquanto os advogados cuidam da retirada do conteúdo do ar e da responsabilização dos autores, a comunicação cuida da redução de danos junto à opinião pública. Não delegue a defesa da reputação apenas aos advogados; a batalha da narrativa acontece na rua e nas redes.
Resumo: como blindar sua campanha
Para sobreviver em um ambiente hostil de desinformação, lembre-se destes pontos:
- Monitoramento constante: Use ferramentas para saber o que falam do candidato em tempo real.
- Agilidade: Responda rápido, no mesmo canal e formato do ataque.
- Vacina: Antecipe explicações sobre pontos vulneráveis da biografia do candidato.
- Mobilização: Tenha uma rede de apoiadores pronta para disseminar a verdade.
O combate à desinformação é apenas uma das frentes de uma campanha vitoriosa. Se você quer aprender a estruturar todo o planejamento, desde a pesquisa até a urna, recomendo que conheça o curso Imersão Eleições. Nele, aprofundamos essas táticas de defesa e construção de narrativa para você não ser pego de surpresa.
Se prepare, organize sua base e não deixe que outros contem a sua história. Até a próxima!



