Planejar e executar uma campanha eleitoral de sucesso envolve muito mais do que apenas aparecer nas redes sociais ou fazer caminhadas de última hora. Em cidades como Uberlândia, com um eleitorado exigente, a necessidade de uma estratégia de marketing político bem estruturada se torna ainda mais evidente.
O caso da eleição municipal de 2024, que resultou na vitória de Paulo Sérgio no primeiro turno, é um excelente exemplo de como planejamento, diagnóstico de cenário e definição de narrativa podem transformar um candidato pouco conhecido em um nome competitivo e vitorioso.
Ao longo deste artigo, vamos detalhar as principais etapas dessa campanha: desde a pré-campanha, passando pelas ações de sensibilização e motivação do eleitorado, até a mobilização final que garantiu a vitória nas urnas.
Se você trabalha com marketing político, é consultor, assessor de comunicação ou está envolvido na construção de alguma candidatura para 2026, esse conteúdo traz aprendizados práticos que podem ser aplicados em outras cidades e contextos eleitorais.
Qual o papel da pré-campanha em uma eleição municipal?
A pré-campanha eleitoral teve um papel decisivo. A missão era simples, mas desafiadora: fazer com que Paulo Sérgio começasse a ser conhecido, evidenciar seus valores antes da campanha oficial começar.
As principais ações dessa fase incluíram:
- Construção de uma narrativa clara e objetiva, apresentando Paulo como engenheiro, gestor e profundo conhecedor da administração municipal;
- Testes de identidade visual com base em pesquisas qualitativas: escolha de cores, tipografias e estilos que gerassem conexão com o eleitorado local;
- Atuação estratégica nas redes sociais, com foco em conteúdos educativos, prestação de contas e vídeos de apresentação;
- Evento de lançamento da pré-candidatura, que marcou oficialmente a entrada de Paulo na disputa, com grande repercussão local.
Uma lição importante dessa fase: uma pré-campanha bem feita diminui custos de campanha e aumenta as chances de conversão de voto, pois o eleitor já chega ao período eleitoral com o candidato em mente.
Como fazer uma campanha para um candidato desconhecido
O diagnóstico: entender antes de agir
Antes de traçar qualquer estratégia, é necessário realizar um diagnóstico profundo da situação política, da cidade e da percepção pública sobre o candidato.
No caso da campanha de Paulo Sérgio em Uberlândia, o diagnóstico realizado em dezembro de 2023 mostrava um cenário desafiador: mais de 60% do eleitorado não conhecia o candidato, mesmo após quase oito anos ocupando o cargo de vice-prefeito. Esse número evidenciava a necessidade urgente de aumentar seu nível de conhecimento junto à população.
Ao mesmo tempo, Paulo era visto como um nome técnico, um bom administrador, mas sem a mesma força política e carisma de seu padrinho político, Odelmo Leão, um prefeito consolidado, com quatro mandatos.
O caminho ficou claro: era preciso trabalhar sua identidade pública e construir uma narrativa forte para que ele fosse percebido como um líder legítimo e pronto para governar.
Como construir uma narrativa vencedora em uma campanha eleitoral
Fase 1: Sensibilização – Criando conexão com o eleitor
Quando a campanha oficial começou, a prioridade era apresentar Paulo de maneira humanizada e próxima do eleitor.
Estratégias utilizadas:
- História pessoal: mostrar sua origem humilde, sua trajetória de vida e a ligação com Uberlândia;
- Mensagem de pertencimento: reforço da identidade local e do compromisso com a cidade;
- Testemunhos: depoimentos de pessoas que se beneficiaram de suas ações na prefeitura;
- Jingles marcantes: músicas envolventes para fixar o número 11 na mente dos eleitores.
Fase 2: Motivação – Razões para votar
Com Paulo Sérgio já mais conhecido entre os eleitores após a fase de sensibilização, o desafio da campanha passou a ser reforçar sua credibilidade e apresentar motivos concretos para o voto. Era hora de mostrar ao eleitorado por que ele seria a melhor escolha para Uberlândia.
O foco da comunicação evoluiu para um tom mais comparativo e propositivo, com três pilares principais:
- Continuidade de um legado aprovado: a equipe destacou que Paulo foi uma peça técnica central nos avanços da gestão de Odelmo Leão, apresentando dados e ações que mostravam o bom desempenho da administração;
- Propostas objetivas e factíveis: como Paulo não trazia um histórico pessoal de realizações executivas diretas, o caminho foi apresentar um pacote de compromissos claros e com forte apelo popular, como a implantação da tarifa zero para estudantes e a ampliação da saúde pediátrica com atendimento 24 horas;
- Confiança na capacidade técnica: ao invés de forçar uma comunicação emocional, a campanha apostou no reforço da imagem de Paulo como um gestor técnico, responsável e focado em resultados concretos.
Um momento estratégico dessa fase foi a produção e exibição de um programa especial de TV com alto padrão técnico e linguagem objetiva. O conteúdo focava na experiência administrativa de Paulo, explorando dados de gestão e depoimentos que atestavam sua competência. A escolha pelo tom sério e direto foi intencional, para reforçar o posicionamento de que Uberlândia precisava de um líder preparado para continuar avançando.
Fase 3: Mobilização – Garantindo a vitória no primeiro turno
Na reta final da campanha, o foco era transformar a intenção de voto em votos válidos nas urnas. O cenário indicava a possibilidade real de vitória no primeiro turno, mas, para isso, seria necessário intensificar a mobilização e reduzir ao máximo o número de indecisos.
As principais estratégias dessa fase foram:
- Reforço da comunicação em TV, rádio e redes sociais: o objetivo foi consolidar a imagem de Paulo Sérgio como a candidatura mais forte, estável e com maior capacidade de vitória. As inserções passaram a ter um tom mais direto, com mensagens voltadas à definição de voto;
- Campanha de voto útil baseada em dados: o movimento pela consolidação do voto em Paulo foi cuidadosamente planejado com base em pesquisas internas, que mostravam que a maioria dos indecisos estava inclinada a votar em candidatos com maior chance de vitória. A comunicação passou a incentivar de forma estratégica o chamado “voto útil”, visando evitar o segundo turno;
- Mobilização digital e ativações pontuais: mesmo sem uma grande quantidade de ações de rua, a campanha investiu em ativações específicas e de alta visibilidade, como programas de TV bem planejados, transmissões ao vivo e peças nas redes sociais que transmitiam clima de crescimento e virada.
Uma frase que ganhou força espontaneamente nas ruas e nas redes, especialmente nos últimos dias, foi: “Paulo Sérgio é 11. Uberlândia, com certeza!”. Embora não tenha sido uma escolha oficial da campanha como slogan central, o uso recorrente dessa expressão por eleitores e apoiadores ajudou a criar um ambiente de confiança e favoritismo.
Essa combinação de comunicação estratégica, leitura precisa das pesquisas e ajustes rápidos de rota garantiu a manutenção da liderança de Paulo até o final da disputa e consolidou a vitória ainda no primeiro turno.
Como interpretar pesquisas e tomar decisões estratégicas na campanha
As pesquisas eleitorais foram um dos pilares de sustentação da tomada de decisão ao longo de toda a campanha. Mais do que olhar apenas para a intenção de voto, a equipe de marketing político e estratégia acompanhava, em tempo real, os movimentos do eleitorado: rejeição, nível de conhecimento, taxa de decisão de voto e o potencial de migração de votos entre os concorrentes.
Na reta final, uma das decisões mais estratégicas veio a partir da leitura cuidadosa de uma pesquisa que indicava Paulo Sérgio com 49% dos votos válidos, muito próximo de uma vitória no primeiro turno.
Pesquisas eleitorais e a decisão de mobilizar o voto útil
Com esses dados em mãos, a equipe avaliou que havia uma janela real para consolidar a vitória ainda na primeira rodada. Foi então que se decidiu adotar uma comunicação mais assertiva, focada em reforçar a ideia de que Paulo Sérgio era o único candidato com chances reais de ganhar já no primeiro turno.
As mensagens passaram a estimular o voto útil, orientando os eleitores indecisos a fazerem uma escolha que evitasse a necessidade de um segundo turno. As redes sociais, os programas de TV e rádio e até o discurso de apoiadores passaram a destacar os números e reforçar que Uberlândia poderia resolver a eleição ali mesmo, sem prolongar o processo eleitoral.
A leitura correta das pesquisas, somada à capacidade de ajustar a comunicação em tempo real, foi decisiva para transformar o cenário de risco em uma vitória segura. A decisão de divulgar o número de 49% e apostar na mobilização final foi um dos movimentos mais assertivos de toda a campanha.
Como Paulo Sérgio venceu no primeiro turno e garantiu a eleição em Uberlândia
Com 52,6% dos votos válidos, Paulo Sérgio conquistou a vitória no primeiro turno, contrariando todas as projeções iniciais feitas no começo da pré-campanha. Um resultado que refletiu a soma de vários fatores: diagnóstico político bem feito, narrativa construída com base em dados reais, leitura estratégica de pesquisas eleitorais e uma comunicação eficiente e bem executada.
A campanha de Uberlândia provou que, mesmo partindo de um cenário de baixa notoriedade e enfrentando adversários mais conhecidos, é possível construir uma virada eleitoral quando há método, estratégia e capacidade de execução.
Mais do que uma vitória de um candidato, essa foi uma vitória de um projeto de comunicação política profissional, com base em planejamento, dados e uma equipe que soube reagir com inteligência a cada nova etapa da disputa.
Se você trabalha com campanhas eleitorais ou está planejando uma candidatura para 2026, vale olhar com atenção para os aprendizados desse case.
Aprendizados para as próximas campanhas eleitorais
Se você atua na área de comunicação política e já está planejando uma campanha para as eleições de 2026, os aprendizados da campanha de Uberlândia podem fazer toda a diferença no seu planejamento estratégico.
Aqui estão alguns pontos que ficaram evidentes nesse processo:
- Diagnóstico bem feito é essencial: toda decisão precisa ser baseada em dados concretos e não em achismos ou pressões momentâneas;
- Pré-campanha forte reduz custos e aumenta as chances de vitória: começar cedo e construir posicionamento com antecedência faz toda a diferença na largada da campanha oficial;
- Narrativa bem construída conecta o eleitor ao candidato: respeitar as características da cidade e trabalhar a imagem pública de forma estratégica aproxima o eleitor e cria identificação real;
- Decisões rápidas, com base em pesquisas, são decisivas na reta final: saber o momento certo de ativar o voto útil e ajustar o tom da campanha é o que separa campanhas medianas de campanhas vencedoras;
- Campanha profissional faz diferença: quando a comunicação é planejada e bem executada, o candidato ganha força, mesmo enfrentando adversários mais conhecidos.
Se o seu objetivo é conduzir uma campanha mais estratégica, com menos improviso e mais resultado, o caminho começa com capacitação profissional.
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Nos vemos na sua próxima vitória!