O mercado do marketing político está aquecido, com profissionais sendo “caçados” por campanhas eleitorais que começam a se organizar somente agora, com o período das convenções. Essa busca tardia pode ser um entendimento equivocado sobre a comunicação, mas também pode ser um reflexo da falta de segurança política que muitos candidatos têm sobre a viabilidade de suas candidaturas. O resultado acaba sendo um só: muita gente cai de paraquedas em uma campanha e não sabe o que fazer. Como já passei por essa situação algumas vezes, resolvi compartilhar alguns aprendizados com você.
Ao chegar em um projeto, é conveniente que você primeiro entenda todo o cenário antes de dar qualquer tipo de opinião. Não tenha medo de dizer que não sabe algo e que precisa de um tempo para se inteirar mais. Lembro de quando eu cheguei na campanha do José Serra para presidente, em 2010. Pedi dois dias para me inteirar e planejar o marketing digital do segundo turno. No início, acharam um absurdo, mas depois perceberam que era melhor ter um rumo do que sair correndo para qualquer lado.
Por onde começar
Estude o cenário
Eu costumo assistir grupos de pesquisa qualitativa, mas nem sempre há disponibilidade. Então, procuro conhecer melhor a cidade: pego um mapa, identifico como cada região se formou, de onde vieram os moradores e o que aconteceu ao longo dos anos. Visito locais e converso com pessoas para entender melhor como as coisas são. É importante deixar seus preconceitos em casa. Em campanha, não existe certo e errado como verdades absolutas, mas sim o que é certo e errado para alguém.
Peço para que alguém da área política me conte como as alianças e divergências aconteceram, quem são os políticos mais emblemáticos, quem são os mais problemáticos, e tento identificar as características na decisão de voto dos grupos de eleitores que me interessam.
Conheça o candidato e a candidatura
Com esse entendimento, começo a mapear meu candidato, o ambiente da disputa, as lideranças que devo envolver e os eleitores que preciso buscar. Traço uma linha do tempo para me guiar até o fim, incluindo as principais datas, marcos de campanha e os momentos ideais para tratar cada desafio da comunicação.
Por exemplo, se tenho sete semanas de campanha, quantos dias terei para ações de rua, quantos serão dedicados a debates, quantos para gravações de TV e internet, e quantos para que o candidato respire? Defino o tempo disponível para então saber o que fazer com ele.
Com um estudo mínimo em mãos, defino o time necessário para que a campanha aconteça, considerando a equipe de comunicação (TV, rádio, internet e impressos), o pleito em disputa, e a equipe de rua (militantes pagos e/ou voluntários). Avalio se é melhor ou viável contratar produtoras e agências ou profissionais avulsos, de acordo com as condições de trabalho encontradas.
Prepare a equipe
Após contratar, realizo uma reunião de alinhamento com todos os presentes para deixar claro como vejo a campanha, as regras para um bom trabalho, a linha de comando e o fluxo de trabalho. Posteriormente, compartilho a linha narrativa da campanha e tudo que envolve a comunicação. Essas reuniões são essenciais para manter todos trabalhando juntos e bem direcionados. Quem está no comando deve atuar como um maestro, direcionando ritmo e direção aos diversos músicos sob sua tutela. O erro da equipe é o erro do comando.
Com todos no mesmo rumo, começa a parte do que deve ser produzido. Caso ainda não tenha ocorrido a convenção partidária, o foco fica nela: o que deve ser exibido, como será exibido, qual a identidade visual do local, os convites, quem deverá falar ou não, se haverá música, etc.
Foco na campanha
Após a convenção, foco nas primeiras semanas de campanha. Quem define a comunicação é o profissional de marketing político, que pode dividir o período eleitoral em etapas como sensibilização, motivação e mobilização, produzindo conteúdos de acordo com esses momentos. Com o planejamento certo, ninguém precisará passar noites em claro nem comprometer a saúde para finalizar uma campanha.
Depois disso, é questão de operacionalizar a produção e distribuição de conteúdo, gerir respostas, mobilizar militantes e, finalmente, descansar!
Não adianta fugir, a melhor maneira de alcançar os objetivos em uma campanha eleitoral é através da preparação. Se você quer saber exatamente o que fazer em cada uma das 7 semanas do período eleitoral, recomendo que inicie o Imersão Eleições Campanha o quanto antes.
Até mais!