Muitos candidatos e profissionais de comunicação acreditam que o ponto de partida de uma eleição é o pedido de voto, mas a verdade é que o jogo começa muito antes, na fase de diagnóstico e planejamento. É nesse momento que a Análise SWOT na pré-campanha se torna uma ferramenta indispensável para quem deseja entrar na disputa com chances reais de vitória. Essa metodologia, amplamente utilizada no mundo corporativo, adapta-se perfeitamente ao planejamento eleitoral, permitindo que você tenha uma visão clara do cenário em que está pisando. Ao mapear suas forças, fraquezas, oportunidades e ameaças, você deixa de agir por intuição e passa a tomar decisões baseadas em dados e estratégia política. Se você é pré-candidato ou assessor, entenda de uma vez por todas: ignorar essa etapa é como entrar em um campo de batalha de olhos vendados. A seguir, vou explicar como aplicar essa matriz para construir uma candidatura sólida.
O que é a Análise SWOT na política
A sigla SWOT vem do inglês (Strengths, Weaknesses, Opportunities, Threats), mas no bom e velho português chamamos de FOFA: Forças, Fraquezas, Oportunidades e Ameaças. Na comunicação política, essa matriz serve para dividir o cenário em dois ambientes: o interno (aquilo que você tem controle) e o externo (aquilo que o cenário impõe).
Fazer esse exercício exige honestidade brutal. Não adianta dizer que sua força é “ser honesto” se ninguém te conhece, ou ignorar uma fraqueza como a falta de recursos financeiros só porque é um assunto desconfortável. Vamos detalhar como preencher cada quadrante.
Ambiente Interno: Forças e Fraquezas
Aqui olhamos para dentro da pré-candidatura. São fatores sobre os quais você tem governabilidade. Você pode alterá-los, melhorá-los ou resolvê-los.
Forças (Pontos Fortes)
São as características que te dão vantagem competitiva. Pergunte-se: o que eu tenho que os outros não têm?
- Recall eleitoral: Você já disputou eleições e teve boa votação?
- Recursos: Você tem capacidade própria de financiamento ou acesso facilitado a doadores?
- Grupo político: Sua base de apoio é fiel e capilarizada nos bairros?
- Mandato: Se você já tem mandato, suas entregas e emendas são bem avaliadas?
Fraquezas (Pontos Fracos)
Aqui é onde a maioria tropeça por falta de autocrítica. Fraquezas são desvantagens internas que precisam ser mitigadas urgentemente durante a pré-campanha.
- Desconhecimento: A população sabe quem você é? Se não, isso é uma fraqueza latente.
- Rejeição: Você tem algum “esqueleto no armário”, processo judicial ou histórico de votações impopulares?
- Falta de equipe: Sua comunicação é amadora? Não tem assessoria jurídica ou contábil?
Ambiente Externo: Oportunidades e Ameaças
Agora olhamos para fora. São fatores do cenário político, econômico e social que você não controla, mas deve monitorar para aproveitar ou se defender.
Oportunidades
São situações externas que podem favorecer sua candidatura se você for rápido.
Por exemplo, se há um sentimento de mudança na cidade e o atual prefeito é mal avaliado, isso é uma oportunidade para candidatos de oposição. Outros exemplos incluem o surgimento de uma nova lei que favorece sua bandeira política ou a desistência de um concorrente direto.
Ameaças
São os perigos que rondam a eleição. Você não pode impedi-los, mas pode criar planos de contingência (gestão de crise).
- Adversários poderosos: Um concorrente com a máquina pública na mão é uma ameaça real.
- Fake News: Ondas de desinformação que podem atingir sua reputação.
- Mudanças na legislação: Novas regras do TSE que podem limitar sua forma de fazer campanha.
Cruzando os dados para criar estratégia
Não basta preencher a tabela e guardar na gaveta. O segredo do marketing político está no cruzamento desses dados. É aqui que a mágica acontece.
Se você identificou que tem uma Força (boa oratória e conhecimento técnico) e o mercado apresenta uma Oportunidade (debates eleitorais na TV), sua estratégia deve ser focar em participar de todos os debates possíveis.
Por outro lado, se você tem uma Fraqueza (pouco recurso financeiro) e existe uma Ameaça (adversários com muito dinheiro para impulsionamento), sua estratégia deve ser focar em táticas de guerrilha, mobilização orgânica e criatividade nas redes sociais para compensar a falta de verba.
Conclusão e Próximos Passos
A Análise SWOT na pré-campanha é o mapa da mina. Ela diz onde você está, para onde pode ir e quais buracos deve evitar no caminho. Sem ela, você é apenas mais um aventureiro na política. Com ela, você se torna um estrategista.
Lembre-se: campanha eleitoral não aceita desaforo e nem amadorismo. O tempo que você gasta planejando agora é o tempo e o dinheiro que você economiza lá na frente, quando a disputa estiver pegando fogo.
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