Uma das partes mais importantes de toda campanha eleitoral é a mobilização de militantes, orgânicos ou remunerados. Por mais que a comunicação impacte as pessoas por meio de mensagens bem-produzidas em vídeo, imagem ou texto, a relação que se dá entre pessoas, com contato humano, é de um valor enorme para a tomada de decisão de eleitores. No entanto, os melhores resultados só virão diante de uma organização profissional.
Mobilização de militantes antes da era digital
Antes de prosseguirmos, é melhor conhecer um pouco do contexto de como a mobilização político-partidária funcionava. Quando comecei a atuar na política, a internet não era, nem de perto, um meio de comunicação com o peso que tem agora. A mobilização era toda manual, braçal. Os militantes orgânicos eram convidados em reuniões partidárias presenciais em que se discutia quais as melhores políticas públicas que poderiam ser implementadas, de acordo com a ideologia do partido que a realizava.
Nessas reuniões era comum a presença de uma figura política que, mais a frente, viria a se candidatar como representante daquele grupo. Geralmente, ao fim desses encontros, as pessoas que se sentiam conectadas com o projeto se filiavam ao partido.
Durante os processos eleitorais, muitos militantes orgânicos (não remunerados) se envolviam na organização de mais encontros, para que a mensagem do candidato chegasse a mais pessoas. Enquanto isso, muitos militantes remunerados eram convocados para a realização de eventos de rua como bandeiraços, adesivaços, caminhadas, carreatas e para encorpar reuniões presenciais.
O controle e a organização eram manuais, com listas sendo passadas em reuniões e depois manualmente organizadas em arquivos. A comunicação era feita presencialmente ou por telefone. As pessoas ligavam umas para as casas das outras para convidar para eventos, como a convenção partidária ou um comício. O objetivo sempre foi trazer mais pessoas para próximo do candidato e, com isso, aumentar sua base eleitoral, caso o projeto tivesse sinergia com o eleitor.
Mobilização de militantes depois da era digital
Hoje, com a mídia digital, a organização se tornou muito mais fácil e a mobilização muito mais rápida. Passamos a utilizar tabelas e a coletar cadastros de militantes por meio de formulários eletrônicos. A comunicação passou a ser feita por disparos de e-mails e envio de SMS. Posteriormente, usamos redes sociais e ferramentas como WhatsApp para criar grupos e agilizar a comunicação.
Os desafios passaram a ser:
- Organizar a base de militantes de acordo com sua localização ou outras características;
- Criar hierarquias de militantes e atrelar lideranças (quem convidou quem);
- Entrar em contato e distribuir missões de forma segmentada, de acordo com a necessidade da campanha;
- Medir o engajamento das lideranças na campanha para não ter confusão no direcionamento de missões e ampliar o engajamento, o ideal é que se trabalhe com grupos (não estou falando de grupos de WhatsApp) diferentes, de acordo com a origem do militante.
Quem é militante remunerado deve ser organizado em frente diferente de quem se inscreve organicamente para ajudar, e de quem é trazido por uma liderança ligada à candidatura, pois cada um aceita um volume de missões diferente, bem como tem sua ligação com o projeto em maior ou menor intensidade.
A lógica de distribuição de conteúdos e a quantidade de mensagens também deve ser pensada grupo a grupo, conforme sua proximidade com a candidatura, com conteúdos resumidamente divididos entre:
- Apresentação do candidato (história, trajetória, aspectos morais, visão de futuro);
- Informações importantes para a candidatura (legado, propostas, defesas);
- Convites para eventos ou atos (virtuais ou presenciais);
- Pedidos de doações ou engajamento para a campanha;
- Combate a boatos.
O ideal é fugir de grupos de WhatsApp, apostando mais em listas de transmissão, e-mail e SMS para entrar em contato. Os grupos, quando utilizados, devem priorizar pessoas que realmente se conheçam, evitando o silenciamento e a saída voluntária do militante.
Hoje, já existem ferramentas que facilitam muito o trabalho. Testei várias e a que mais me identifiquei foi a Politique. Valorizei a forma como os contatos são organizados e a facilidade de exportação da base, o que considero essencial para outras ações, como o impulsionamento de conteúdos baseado em públicos personalizados, e para utilizar ferramentas de disparos de mensagens.
Dá para fazer tudo de forma manual? Sem dúvidas, dá. Mas é um trabalho que não acho que compense.
Para quem não sabe por onde começar e quer aprender a mobilizar militantes e simpatizantes, recomendo o Imersão Eleições Campanha para uma evolução rápida e profunda.
Até mais!