Essa é a dúvida de ouro que recebo quase todo dia no meu escritório ou nas minhas redes sociais. E a resposta, meu amigo, define quem tem chance de ganhar e quem está apenas passeando na política. O que fazer na pré-campanha se a lei proíbe o pedido explícito de voto? Vamos ser sinceros: se você acha que campanha se resume a pedir voto, você já começou errado. O período eleitoral oficial, aqueles 45 dias de correria, serve para colher o que foi plantado. Se você não plantou nada agora, vai colher o quê?
A pré-campanha é o momento mais estratégico do marketing político. É a fase da construção de reputação, do reconhecimento de nome e, principalmente, de criar laços com as pessoas. O eleitor não acorda pensando em quem vai votar para vereador ou prefeito meses antes do pleito. Ele está preocupado com a conta de luz, com a saúde, com o buraco na rua. Se você chega agora pedindo apoio sem ter construído uma relação de confiança, você se torna o “chato da eleição”. E ninguém vota em gente chata.
Portanto, entender o tempo certo das coisas é vital. Agora é hora de se tornar conhecido e, mais importante, reconhecido como alguém capaz de resolver problemas. É o momento de organizar a casa, preparar sua estratégia de comunicação política e garantir que, quando o juiz apitar o início do jogo oficial, você já esteja aquecido e com a torcida gritando seu nome. Vamos ver como fazer isso na prática?
Construção de reputação: a moeda mais valiosa da política
Pense comigo: você compraria um carro usado de um estranho que acabou de bater na sua porta? Provavelmente não. O voto é um voto de confiança, e confiança não se pede, se conquista. O foco total do que fazer na pré-campanha deve ser a construção da sua imagem pública.
Use esse tempo para mostrar quem você é, de onde veio e quais são seus valores. As pessoas votam em quem se parece com elas, em quem defende o que elas defendem. Se você é um especialista em saúde, por exemplo, não precisa pedir voto para mostrar que entende do assunto. Produza conteúdo ajudando as pessoas a entenderem seus direitos, comente sobre a situação dos postos de saúde da cidade, mostre empatia. Isso gera autoridade. Quando chegar a hora de pedir o voto, o eleitor já vai ter associado seu nome à solução daquele problema.
Ouvir mais e falar menos: o segredo do engajamento
Um erro clássico no marketing político digital é usar as redes sociais como um megafone, onde o pré-candidato só fala de si mesmo. “Eu fiz”, “Eu fui”, “Eu sou”. Isso cansa. A pré-campanha é a fase do diálogo. As redes sociais são, antes de tudo, sociais. Elas servem para relacionamento.
Experimente mudar a tática. Em vez de afirmar, pergunte. Abra caixas de perguntas no Instagram, faça enquetes sobre os problemas do bairro, responda aos comentários com atenção genuína. Quando você pergunta a opinião de alguém, você está valorizando essa pessoa. E, de quebra, você coleta informações valiosas para ajustar o seu discurso. Você descobre o que realmente tira o sono do eleitor, e não o que os seus assessores acham que é importante.
Organização de base e dados: o dever de casa invisível
Enquanto muitos estão preocupados em fazer barulho, os profissionais estão preocupados em fazer listas. Não adianta ter mil curtidas numa foto se você não tem o contato dessas pessoas para mobilizá-las depois. O que fazer na pré-campanha inclui, obrigatoriamente, a construção de um banco de dados sólido.
Crie motivos para as pessoas entrarem em contato com você. Pode ser uma lista de transmissão no WhatsApp para informar sobre oportunidades de emprego na cidade, ou um grupo de discussão sobre melhorias no bairro. O importante é tirar a pessoa da “nuvem” das redes sociais e trazê-la para um terreno que você controla, como o WhatsApp ou o e-mail. Lembre-se: curtida não é voto, cadastro é um passo muito mais perto disso.
Posicionamento: quem não tem lado, não tem voto
Tem pré-candidato que tem tanto medo de perder voto que acaba não agradando ninguém. Fica em cima do muro, tentando ser amigo de todo mundo. Na política, quem tenta agradar a todos acaba sozinho. A pré-campanha serve para você demarcar seu território.
Não tenha medo de emitir opinião sobre temas relevantes da sua cidade ou do país. Isso vai afastar quem discorda de você? Vai. Mas vai fidelizar quem concorda. E é a fidelização que cria a militância, aquelas pessoas que vão defender você no almoço de domingo. Ter lado e opinião forte mostra personalidade e liderança, atributos essenciais para qualquer cargo eletivo.
Não deixe para a última hora
Para fechar nossa conversa, quero que você leve isso para a vida: eleição não se ganha nos 45 dias, se ganha na preparação. A pré-campanha é o alicerce. Se ele for fraco, a casa cai no primeiro vento forte.
Aqui vai um resumo prático para você colar na parede do escritório:
- Construa reputação: Mostre competência e valores antes de pedir qualquer coisa.
- Crie relacionamento: Use as redes para ouvir e conversar, não só para postar santinho virtual.
- Faça banco de dados: Transforme seguidores em contatos de WhatsApp.
- Tenha posicionamento: Não seja o candidato “picolé de chuchu”, tenha sabor e opinião.
- Estude a legislação: Não cometa erros bobos que podem impugnar sua candidatura.
Se você quer entender a fundo como estruturar cada uma dessas etapas, desde o planejamento até a mobilização de rua e digital, eu recomendo fortemente que você conheça o Imersão Eleições. É lá que a gente mergulha de cabeça nas estratégias que definem os vencedores. Não perca tempo, porque o relógio da eleição não para.



