Durante as lives que promovo em meus canais, percebi a inquietação de muitos candidatos pela prática do impulsionamento de conteúdos ainda no período da pré-campanha e, diante disso, quero fazer algumas ponderações.
Afirmo sempre em aulas que o tempo é o principal ativo para uma candidatura. É o correto uso do tempo disponível que aumenta ou reduz a chance de vitória.
Campanhas eleitorais profissionais, organizadas, são feitas de forma a obter a simpatia dos eleitores, objetivando a participação durante o período eleitoral e o desejo de voto no dia da votação.
Trata-se de uma construção de narrativa, que ao apresentar conteúdos previamente pensados ajuda a formar juízo de valor no eleitorado. Como toda boa história a ser contada, campanhas eleitorais tem etapas, uma ordem cronológica dos fatos e das ações.
Entrar com ações de comunicação na hora errada pode significar o desperdício do esforço e o municiamento de adversários.
A importância das etapas da comunicação em campanha eleitorais
Qual é o momento agora? Falar de propostas? Apresentar número e partido? Falar que concorrerá? Nada disso.
Excluindo as limitações jurídicas, temos que levar em consideração a estratégia de comunicação.
Este é o momento que candidatos e profissionais têm para construir reputação, preparar os canais, organizar os conteúdos que serão divulgados durante o período eleitoral, estudar os públicos que serão ativados e, não menos importante, estudarem as ferramentas.
Impulsionar conteúdos agora seria o mesmo que convidar uma pessoa vegana para um churrasco bovino. Um esforço desnecessário e com poucos resultados para o momento.
Como o período eleitoral ainda não começou, o eleitorado não está pensando no assunto e, dado o momento que muitos se encontram, com a pandemia provocando estragos, ações promocionais de políticos podem ser mal interpretadas.
O eleitor médio costuma escolher o seu vereador na última semana e o candidato a prefeito na última quinzena.
Enfim, se um candidato não fez a lição de casa até agora, faz mais sentido esperar até o 27 de setembro para ações de impulsionamento, período em que as regras estão mais bem definidas.
Ao escolher impulsionar neste momento, candidatos ficam sem o interesse do eleitor e também com suas campanhas correndo risco de judicialização.
É proibido fazer o impulsionamento de conteúdos durante a pré-campanha?
A última decisão a respeito foi a de permitir o impulsionamento na pré-campanha, mas de forma restrita, sem pedido de votos e sem que o valor seja exagerado. Contudo, é preciso levar em conta que não há uma métrica para o “exagero”. Cada juiz é que, arbitrariamente, define.
Outro ponto que precisa de atenção se refere a produção do que será impulsionado, visto que o valor investido na produção das peças também será contabilizado e poderá ser qualificado como abuso de poder econômico.
Enquanto profissional de comunicação, alerto que os riscos de judicialização envolvidos e a pouca eficácia em ações de comunicação que visam impulsionamento neste momento, em detrimento de outras ações mais importantes, faz com que eu desaconselho a prática até o início do período eleitoral.
Dê uma olhada neste vídeo em que a professora Natália Mendonça também fala sobre impulsionamentos em pré-campanha:
https://youtu.be/nlV6vFdSQxI
O recado é este! Agora, aproveite o tempo de sol para repararem o telhado.
Sempre respondo questões como essas em meus cursos e conteúdos do Guia do Marketing Político e, recentemente, preparamos um compilado das perguntas mais frequentes sobre as eleições de 2020.
Confira a seleção de perguntas no Blog do Guia do Marketing Político!