Se tem um assunto que tira o sono de qualquer profissional que atua em campanhas ou mandatos, esse assunto é a gestão de crise política. Vamos ser sinceros: quem está na chuva é para se queimar, e na política, a fogueira das vaidades e dos ataques adversários está sempre acesa. No entanto, existe uma diferença gigantesca entre um problema pontual e uma crise instaurada que pode destruir uma reputação construída ao longo de anos.
Muitas vezes, vejo candidatos e assessores entrando em pânico por causa de um comentário negativo no Facebook ou uma crítica isolada no WhatsApp. É preciso ter calma e método. O protocolo de resposta não pode ser baseado no fígado, na raiva do momento. Ele precisa ser técnico. A internet, hoje, funciona como o sistema nervoso da campanha: ela sente a dor, mas a reação precisa ser coordenada pelo cérebro, que é a estratégia.
Para ajudar você a navegar por esses mares turbulentos, preparei este artigo focado em como estruturar um protocolo de resposta eficiente. A ideia aqui não é te dar uma fórmula mágica, porque ela não existe, mas sim um roteiro seguro para que você saiba exatamente o que fazer quando a temperatura subir.
Identificando a crise: nem tudo é incêndio
O primeiro passo para uma boa gestão de crise política é o diagnóstico. Um dos maiores erros que vejo por aí é tratar uma marolinha como se fosse um tsunami. Isso acontece quando a equipe não tem critérios claros para avaliar a gravidade da situação. Antes de acionar o botão vermelho, você precisa se fazer três perguntas básicas sobre o fato negativo:
- Qual a abrangência? É uma reclamação individual ou coletiva? Se um eleitor reclama que não foi atendido, isso é um problema de atendimento, não uma crise de imagem. Agora, se um grupo organizado começa a protestar, o cenário muda.
- Qual a veracidade? Não gaste energia com o que não é real, a menos que esteja viralizando. Fake news exigem um tipo de tratamento; fatos reais e negativos exigem outro completamente diferente.
- Tem potencial de viralização? O assunto é “sexy” para a mídia ou para os grupos de oposição? Se tem apelo emocional ou envolve dinheiro público, o risco é alto.
O protocolo de resposta: agindo rápido e certo
Uma vez identificada a crise, o tempo é seu inimigo. Na era digital, o vácuo de informação é preenchido rapidamente por boatos e narrativas dos adversários. Por isso, ter um protocolo de resposta é vital. Não dá para improvisar nota oficial no calor do momento.
A primeira ação deve ser reunir o núcleo duro da campanha ou do mandato. Nada de “disse-me-disse”. Coloque as cartas na mesa. Se o político errou, é melhor assumir, pedir desculpas e apresentar uma solução do que tentar esconder e ser desmascarado depois. A mentira tem perna curta, e na internet, ela não dá nem dois passos.
Além disso, avalie a solubilidade do problema. Tem conserto? Às vezes, a melhor resposta não é uma nota pública, mas uma ação de “contenção”, como chamar a parte ofendida para uma conversa privada. Cada caso é um caso, mas a transparência costuma ser o melhor escudo.
A comunicação com a militância e equipe
Aqui está um ponto que muitos esquecem na gestão de crise política: a sua tropa. Quando uma notícia negativa estoura, os primeiros a serem cobrados na rua ou nos grupos de família são os seus militantes e colaboradores. Se eles não souberem o que dizer, vão ficar acuados ou, pior, vão inventar defesas que podem atrapalhar ainda mais.
Portanto, assim que a linha de defesa for definida, comunique imediatamente sua base. Dê a eles os argumentos, a versão oficial dos fatos e, se for o caso, as provas que desmontam a acusação. Um militante bem informado é um agente de defesa da reputação do político. Não deixe sua equipe saber do problema pela imprensa.
Do virtual para o real: transformando crise em oportunidade
Parece contraditório, mas crises podem gerar capital político se forem bem geridas. O eleitor não espera que o político seja um santo infalível, mas espera que ele seja humano e responsável. A forma como você reage diz muito sobre o seu caráter. Grandes lideranças foram forjadas na adversidade, não na calmaria.
Utilize a estrutura de comunicação para mostrar trabalho e superação. Se a crise foi administrativa, mostre a solução técnica. Se foi política, mostre a articulação. O importante é não ficar paralisado. A internet deve ser usada para dialogar e mobilizar, trazendo a narrativa de volta para o controle da sua campanha.
Conclusão: esteja sempre preparado
Para encerrar nossa conversa, quero reforçar que a prevenção é a melhor ferramenta. Estudar cenários, monitorar redes e treinar a equipe são ações que devem acontecer antes da tempestade chegar. Lembre-se: planejamento de conteúdo não é intuição, é ciência e método.
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Um grande abraço e até a próxima!



