A pré-campanha de deputados é o momento decisivo onde se constrói a viabilidade técnica e política do projeto eleitoral. Muitos acreditam que a disputa só começa nos 45 dias oficiais, mas a verdade é que o jogo é ganho ou perdido muito antes, na fase de preparação e na organização das bases. Cometer erros na pré-campanha pode custar não apenas recursos financeiros escassos, mas o próprio mandato e a reputação do político construída ao longo dos anos. Por isso, entender a estratégia eleitoral, respeitar a legislação vigente e planejar a comunicação política com antecedência são passos obrigatórios para quem deseja ter sucesso nas urnas.
Neste cenário competitivo, a diferença entre quem conquista uma cadeira no legislativo e quem fica na suplência geralmente está nos detalhes da organização prévia. Candidatos que deixam para pensar na narrativa e na mobilização em cima da hora acabam reféns do improviso. Vamos conversar sobre os equívocos que vejo acontecerem repetidamente em pleitos por todo o Brasil e, o mais importante, como você pode fugir dessas armadilhas.
Ignorar a legislação e fazer pedido de voto antecipado
Um dos erros mais graves — e infelizmente um dos mais comuns — é confundir a liberdade da pré-campanha com um “vale-tudo”. A legislação eleitoral é clara: você não pode fazer pedido explícito de voto antes do período oficial. Isso inclui frases como “vote em mim”, “eu conto com seu voto” ou divulgar o número da candidatura.
Como evitar: Foque na exaltação das qualidades pessoais, no posicionamento sobre temas relevantes e na divulgação da pré-candidatura. Você pode dizer que é pré-candidato, pode participar de entrevistas e debates, mas deve treinar sua equipe e se policiar para não cruzar a linha do pedido de voto. A multa é pesada e o desgaste jurídico não vale a pena.
Confundir movimentação com estratégia de campanha
Vejo muitos pré-candidatos a deputado correndo de um lado para o outro, visitando cinco cidades em um dia, apertando centenas de mãos, mas sem saber exatamente o porquê. Movimentação gera cansaço; estratégia gera resultado. Gastar sola de sapato e combustível sem um objetivo claro de qual público você quer atingir e qual mensagem quer passar é desperdício de recurso.
Como evitar: Antes de sair de casa, defina seus territórios prioritários e os segmentos de eleitorado que você precisa conquistar. Pergunte-se: essa visita me ajuda a consolidar qual narrativa? Se a resposta não for clara, repense a agenda. Use dados para guiar seus passos, não apenas intuição.
Falar apenas para a própria bolha
Na comunicação digital, é muito confortável produzir conteúdo que agrada quem já gosta da gente. O problema é que, para se eleger deputado, você precisa ampliar sua base. Ficar postando fotos de reuniões internas ou usando jargões que só seus assessores entendem não traz votos novos. Isso é o que chamamos de “comunicação para dentro”.
Como evitar: Produza conteúdo que resolva dores reais das pessoas. Fale sobre problemas da saúde, da educação, da segurança, e apresente sua visão de solução. Use uma linguagem simples, direta e acolhedora. O eleitor precisa entender como a sua eleição vai melhorar a vida dele, e não a sua.
Negligenciar a construção do banco de dados
Muitos candidatos chegam na véspera da eleição desesperados porque não têm como falar diretamente com seus apoiadores. Passaram a pré-campanha inteira fazendo eventos e reuniões, mas não anotaram o contato de ninguém. Sem um banco de dados organizado, você fica dependente dos algoritmos das redes sociais, que entregam cada vez menos.
Como evitar: Crie o hábito de coletar dados (dentro da lei, claro) em cada interação. Seja através de um formulário em seu site, uma lista de transmissão no WhatsApp ou fichas em reuniões presenciais. Organize esses contatos por região e interesse. Na hora H, ter uma lista segmentada para mobilização vale ouro.
Deixar a profissionalização para a última hora
Achar que dá para levar a pré-campanha com o “sobrinho que mexe na internet” ou com voluntários bem-intencionados, mas sem técnica, é um risco imenso. Quando a campanha oficial começar, o volume de trabalho triplica e não haverá tempo para aprender ou corrigir rotas. O amadorismo na pré-campanha passa uma imagem de insegurança ao eleitor.
Como evitar: Monte seu núcleo duro de comunicação e estratégia o quanto antes. Se não puder ter uma equipe grande agora, tenha pelo menos profissionais chave ou consultoria especializada para orientar as ações. A qualidade do que você entrega agora define a percepção de competência que o eleitor terá de você.
Resumo e próximos passos
Para garantir que sua pré-campanha seja sólida, lembre-se destes pontos:
- Estude a legislação para não cometer crimes eleitorais.
- Tenha uma estratégia clara antes de sair para a rua.
- Fale a língua das pessoas, não a dos políticos.
- Organize seus contatos desde o primeiro dia.
- Profissionalize sua equipe agora, não depois.
Se você quer se aprofundar nesses temas e entender o passo a passo de uma campanha vitoriosa, recomendo fortemente que você conheça o curso Imersão Eleições. Lá, nós dissecamos cada etapa do processo eleitoral para que você não desperdice tempo nem dinheiro.
Espero que essas orientações ajudem a clarear seu caminho. Uma pré-campanha bem feita é metade da vitória garantida. Vamos em frente!



