Ainda na série especial de perguntas à algumas palestrantes do Campanha de Mulher: I Seminário de Comunicação Política, a entrevistada da vez foi nossa autora Natália Mendonça.
Por aqui, ela escreve principalmente sobre os usos de ferramentas, mas poucos sabem que a palestrante já tem dez anos de estrada no marketing político digital e participou dos mais diversos tipos de campanha.
Ao blog Marketing Político Hoje, Natália contou como foi seu início na carreira, como vê as oportunidades para mulheres na área e o que podemos esperar de sua palestra.
Você começou a trabalhar com marketing político digital praticamente na primeira eleição que apostou na internet. Como foi a experiência?
Comecei a trabalhar com marketing político meio que “de paraquedas”. Quando me formei na faculdade de publicidade eu tinha decidido seguir, na verdade, na área do marketing digital – um mercado que estava surgindo naquela época (2009). Fui para São Paulo em busca de formação nessa área e ao mesmo tempo em que havia começado um curso de especialidade no digital eu participava de processos seletivos para trabalhar nessa área. Uma dessas vagas das quais me candidatei era para trabalhar na campanha digital de um candidato ao Senado. Ao todo 15 pessoas compunham a área digital dessa campanha em 2010 e eu entrei para ser analista de monitoramento de redes.
Eu não me dei conta na época, mas ter uma equipe deste tamanho para uma campanha política era de fato uma aposta na internet, uma aposta de que o meio digital poderia fazer uma diferença na eleição.
Foi um golpe de sorte pra mim, pois eu estava acabando de entrar para uma campanha “desenhada” para ser um modelo de campanha digital no Brasil, o estrategista de comunicação digital da campanha, Marcelo Vitorino, havia sistematizado todo o processo da comunicação para transformar essa aposta em uma referência. Ali tive a grande oportunidade de entender a essência da comunicação política aplicada ao meio digital, desde o levantamento de informação, do planejamento, até a entrega de conteúdo para grupos de interesses.
Foi um intensivão de comunicação política e marketing digital pra mim. Aprendi em 3 meses trabalhando talvez o que levaria anos só estudando.
Nas últimas eleições você coordenou campanhas em todas as esferas, como era a participação feminina nestes cenário? Algo em especial chamou sua atenção?
Em 2018, pela primeira vez desde que comecei a fazer campanhas, eu consegui montar equipes mais equilibradas entre gêneros.
Pela primeira vez vi volume de mulheres de fato interessadas em trabalhar com campanhas políticas. Em outras épocas cheguei a montar equipes inteiras só com homens, e isso não se deu porque faltavam competências técnicas das mulheres mas sim por causa da dificuldade de achar mulheres que queriam a vaga, o número de currículos femininos que eu recebia era ínfimo.
Lembro de quando fiz os processos seletivos para 2012 e 2014 saí com a impressão de mulheres não estavam dispostas a trabalhar com campanhas, hoje vejo que fiz a leitura errada daquela situação. Não era uma questão de “disposição” e sim de abertura.
Não existiam referências femininas no mercado para inspirar novas profissionais do ramo, não se chamavam mulheres para discussões de comunicação política, não haviam professorAs de marketing político. Por isso acho muito importante a iniciativa deste evento, dando espaço para que mulheres falem de suas experiências no mercado, servindo como exemplo e referência para tantas outras que já estão no meio ou pretendem entrar.
Com os seus quase dez anos na política, acredita que o cenário político atual é favorável à bandeira da equidade neste meio?
Sim, acredito. Sinto que o movimento de propagação de pautas feminista dos últimos anos nos ajudou a criar uma conscientização coletiva sobre esses temas, por exemplo sobre como lidar com assédio, sobre se posicionar, sobre se expor, entre outras lições. Temos conquistado espaços e mais segurança para trabalhar no mercado que antes era dominado por homens. E a equidade só acontece quando continuamos insistindo em fazer e mostrar.
O que preparou para o seminário?
Preparei um material que traz os resumos das minhas experiências ao longo de 9 anos no mercado. Vou apresentar minha curva de aprendizagem do ponto de vista de carreira na área e também do ponto de vista técnico.
Natália Mendonça é publicitária, especializada em marketing digital. Atuou na gestão da comunicação digital de mais de 30 clientes dos mais diversos cargos eletivos. Em 2018 liderou a operação de equipes digitais de campanhas eleitorais como a de Geraldo Alckmin à presidência, Daniel Vilela para o governo de Goiás e mais três deputados federais eleitos.
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