Direto ao ponto: o artigo de hoje traz informações úteis para profissionais de comunicação e marketing político, que pretendem atuar em campanhas eleitorais em 2020, com indicações sobre no que ficar de olho, o que evitar e como se preparar.
Em poucos meses teremos as eleições municipais no Brasil, quando cerca de 5.700 municípios escolherão prefeitos e vereadores, em uma disputa que reunirá quase 500 mil candidatos, boa parte deles utilizando redes sociais e outras ferramentas para a comunicação política, em busca da atenção dos eleitores e do engajamento de militantes.
Ainda neste cenário de disputa eleitoral, outros elementos precisam ser adicionados, como o fim das coligações proporcionais, que alterará a composição das chapas; a primeira eleição municipal com a chamada “vaquinha virtual”, que é a possibilidade de arrecadar dinheiro para patrocinar campanhas por meio de plataformas digitais; a possibilidade do impulsionamento de conteúdos nas redes sociais; e o combate aos boatos na internet, comumente chamados de “fake news”.
Caberá também aos profissionais que trabalharão em campanhas eleitorais, lidar com a desconfiança dos eleitores e com a lógica das redes sociais, que dá maior visibilidade para conteúdos controversos ou de entretenimento, o que dificulta o trabalho de quem precisa comunicar uma candidatura, exigindo uma visão mais apurada do que os eleitores desejam em relação aos conteúdos, a linguagem e os formatos mais adequados para cada canal.
Uma outra novidade significativa nas eleições municipais é o período de pré-campanha, em que se deve concentrar os esforços para construção de reputação, ampliação de base de dados, preparação de canais e segmentação de públicos. Sugiro que se inscreva na maratona de pré-campanha, que realizarei em janeiro, com uma sequência de aulas e dicas para o período.
No que ficar de olho
Como colocado no início deste artigo, haverá um número muito grande de candidatos que precisarão contar com o trabalho mais técnico de comunicação política, e cabe ao profissional fazer escolhas na hora de aceitar um trabalho.
Quando for olhar para oportunidades de trabalho, sugiro que primeiramente faça um recorte pelo número de eleitores que há em cada cidade. Por exemplo, selecionando somente cidades com mais de 200 mil eleitores, que são passíveis de um segundo turno, chegará a 92 municípios, sendo 25 capitais!
Em uma conta rápida, de aproximação, apenas de candidaturas para o cargo de prefeito, essas cidades contam com cerca de 500 oportunidades de trabalho, mas se somar os candidatos a vereador, esse número pode ser muito maior. Em São Paulo, por exemplo, mais de 1.300 candidatos se apresentaram. Em Duque de Caxias, o número ficou próximo de 900.
Acredito que estas cidades sejam as detentoras do maior número de oportunidades, dado que demandam campanhas eleitorais mais bem planejadas, em que as pessoas se conhecem menos do que em cidades menores.
É sabido também que as condições de trabalho são melhores em cidades com melhor infraestrutura, considerando acesso a internet, e também com maior possibilidade de contratar outros profissionais por contar com centros de formação de profissionais.
Um último ponto importante, é preciso levar em consideração a realidade financeira de cada campanha. O TSE determinou um teto, de acordo com o tipo de pleito (prefeito e vereador), e também levando em consideração o número de eleitores em cada cidade. Logo, as campanhas com maior orçamento se concentram nas cidades mais populosas.
O que evitar
Em todo ano eleitoral existem algumas ciladas e, se você não tiver muita atenção, correrá o risco grande de cair em uma. A primeira coisa que deve evitar a todo custo é a informalidade do trabalho.
É muito comum que profissionais sejam abordados para trabalhar em campanhas sem contrato, somente no compromisso, sendo remunerados de maneira informal ou por terceiros. No passado essa lógica funcionou, principalmente com agências que eram contratadas por uma campanha e subcontratavam os profissionais. Foi exatamente deste jeito que muita gente ficou sem receber e, acredite, mesmo com a vitória da candidatura.
Recomendo que todo profissional tenha contrato diretamente com a campanha, com o CNPJ da candidatura como contratante. Na pré-campanha, se for o caso, faça um contrato com a instância municipal do partido do candidato.
Outra situação a ser evitada é a de promessa futura, em que o candidato oferece uma troca do seu serviço pela possibilidade de te contratar no futuro como funcionário ou como prestador de serviço. Esqueça qualquer oferta similar, a chance de ter problemas é enorme.
Na outra ponta, a dos fornecedores, evite toda e qualquer ferramenta mágica, pois geralmente a única coisa que fazem é o seu dinheiro desaparecer. Antes de contratar soluções que prometem mobilizar militantes de forma fácil, distribuir conteúdo utilizando big data, enviar mensagens por WhatsApp em massa, monitorar tudo o que as pessoas falam na internet sobre um candidato ou tema, proponha um teste de 10 dias.
A cada eleição surgem diversas empresas que prometem o que não podem cumprir e, dado ao desconhecimento dos contratantes, acabam vendendo seus serviços, ocupando parte do orçamento da campanha, que poderia ser melhor aproveitado em algo útil.
Como se preparar
Para trabalhar em campanhas eleitorais, independente da posição ou área, é importante que reúna um conjunto de conhecimentos que lhe proporcione um melhor desempenho durante todo o processo.
Para começar, a todo profissional de comunicação faço uma sugestão: atenção com o que compartilha, inclusive nas redes sociais pessoais. Cada publicação conta para a sua reputação.
Imagine que você está sendo observado(a) para um grande desafio. Mais pessoas também serão. Um dos fatores da decisão será o seu preparo para a missão e suas redes podem contribuir de forma positiva ou negativa como critério de desempate.
Você não é só o que consome, mas também o que compartilha.
Para quem nunca atuou em campanhas, recomendo que se debruce desde já em materiais introdutórios no tema. Existem muitos vídeos no Youtube, inclusive no meu canal (youtube.com/marcelovitorino), que podem ajudar. Também pode recorrer a séries e filmes sobre o tema, há outros artigos aqui que podem lhe ajudar: “Os melhores filmes para aprender marketing político” e “4 séries para quem quer aprender mais sobre marketing político”.
Caso goste de ler, no artigo “Clássicos que todo profissional de comunicação política deve conhecer” há várias indicações. Também aproveito para lhe indicar o livro que escrevi para iniciantes: “Coisas que todo profissional que quer trabalhar com marketing político digital deveria saber”, no link há como adquirir a versão impressa e também a digital (Amazon, iTunes e GooglePlay).
Para quem já atuou, recomendo que utilize os próximos meses para se aprofundar mais no tema, focando principalmente nos seguintes pontos:
- Planejamento de ações;
- Construção de reputação e narrativas;
- Impulsionamento de conteúdos em redes sociais
- Mobilização para arrecadação, para ações virtuais e presenciais e combate a boatos;
- Uso de automação e construção de big data.
Onde você pode aprender mais sobre esses pontos? De duas formas. Pode procurar cursos presenciais, como o Masterclass Eleições 2020, e cursos à distância, como os ofertados pela Presença Online ou por meio de assinatura mensal, como o Guia Do Marketing Político.
Cursos presenciais são muito indicados para imersão nos conteúdos, com foco total nos temas, e contam também com a possibilidade da expansão da sua rede de relacionamento na área.
Cursos à distância são recomendados para preparação de equipes, consultas a qualquer tempo, e ampliação do conhecimento, e alguns podem contar com aulas “passo a passo” em ferramentas.
O importante é que você não deixe para a última hora. Já existem processos seletivos acontecendo e a tendência é que nos próximos meses a procura por profissionais aumente muito. Quando a oportunidade chegar, esteja pronto!
Desejo um ótimo ano e muito sucesso! Feliz 2020!
Ps. Tenho uma lista de transmissão no WhatsApp sobre marketing político e também uso para divulgar as vagas para trabalhar nas campanhas em que atuo. Caso queira fazer parte, cadastre meu número na sua agenda (61 99815-6161) e me mande uma mensagem com seu nome. Para facilitar, clique neste link.