Vamos ser sinceros: se você sente um certo tédio ao ouvir aquele discurso padronizado, cheio de lugares-comuns e juras de amor eterno à cidade ou ao estado, imagine o eleitor. A verdade é que a paciência das pessoas com a promessa de deputado que nunca se concretiza chegou ao fim. Antigamente, a falta de acesso à informação permitia que discursos genéricos sobre “lutar pela saúde e educação” colassem. Hoje, com um celular na mão, o cidadão checa, compara e, principalmente, cobra. A descrença nas instituições contaminou a percepção sobre os mandatos, e quem insistir na velha cartilha do “prometo resolver tudo” vai acabar falando sozinho.
O cenário da comunicação política mudou drasticamente. Não se trata apenas de uma crise de representatividade, mas de uma crise de atenção e confiança. O eleitor moderno é bombardeado por informações o tempo todo e desenvolveu um filtro muito sensível para detectar artificialidade. Quando um parlamentar sobe na tribuna ou grava um vídeo para redes sociais fazendo promessas que não têm base na realidade orçamentária ou política, ele não está apenas sendo ineficiente; ele está ativamente destruindo sua reputação. Para sobreviver e crescer politicamente, é preciso trocar a promessa vazia pela conexão real e pela prestação de contas eficiente.
O eleitor quer valores, não apenas obras
Um erro clássico é achar que o eleitor só se importa com a entrega física, como a ponte ou o asfalto. Claro que isso é importante, mas o que fideliza o voto na promessa de deputado moderna é a identificação de valores. As pessoas votam em quem parece com elas, em quem defende o que elas defendem.
Quando você promete uma obra e ela atrasa — o que no Brasil é quase regra —, sua palavra perde valor. Mas quando você se compromete com uma causa ou uma visão de mundo, você cria um laço mais forte. Por exemplo, em vez de prometer “zerar a fila da saúde”, que é algo que muitas vezes foge da alçada de um legislador, o parlamentar deve mostrar que está atuando na fiscalização, na destinação de emendas estratégicas e na defesa do SUS. A postura de combate e a transparência sobre as dificuldades valem mais do que uma solução mágica que todo mundo sabe que não existe.
A transparência como ferramenta de conexão
Outro ponto fundamental é entender que o mandato não é uma caixa preta. A tal “promessa vazia” muitas vezes nasce da tentativa de esconder a complexidade do processo legislativo. O eleitor adulto aguenta a verdade. Ele prefere um deputado que diga: “Olha, tentei aprovar esse projeto, mas fui voto vencido por causa desses e daqueles interesses”, do que aquele que finge que está tudo mil maravilhas.
Usar as redes sociais para explicar os bastidores, os “nãos” que o mandato recebe e as dificuldades de aprovar leis é uma forma excelente de humanizar o político. Isso gera empatia. Mostre o trabalho duro, não apenas o palco iluminado. A comunicação de mandato precisa ser uma conversa constante, não um boletim oficial chato que ninguém lê.
Segmente para não falar com as paredes
Quem fala com todo mundo, não fala com ninguém. A promessa genérica é filha da falta de foco. Um deputado tem que ter suas bandeiras muito bem definidas. Se a sua pauta é o agronegócio, sua comunicação e suas “entregas” devem ser focadas nesse público. Se é a educação, mergulhe nisso.
O erro está em querer abraçar o mundo em época de campanha ou durante o mandato para tentar agradar a todos. Isso gera promessas desconexas que, invariavelmente, não serão cumpridas. Ao segmentar, você ajusta a expectativa do seu eleitorado e entrega resultados que são perceptíveis para aquele grupo específico. A satisfação do eleitor vem do alinhamento entre o que ele espera e o que você entrega.
O fim do “político super-herói”
A figura do político salvador da pátria está desgastada. Ninguém aguenta mais aquele personagem que grita, aponta o dedo e diz que vai resolver tudo sozinho. A sociedade sabe que o sistema é complexo. O que fazer diferente? Atue como um facilitador, um representante que ouve e traduz os anseios das pessoas em ações legislativas ou pressão política.
Troque o “eu vou fazer” pelo “nós estamos construindo”. Chame as pessoas para participar do processo, para opinar em projetos de lei, para ajudar a fiscalizar. Quando o eleitor se sente parte do mandato, a relação deixa de ser de cobrança por promessas e passa a ser de parceria.
Conclusão: menos marketing de aparência, mais essência
Para recuperar a confiança e se destacar em meio a tanta descrença, o caminho é a autenticidade e a técnica. Não existe milagre. O que existe é estratégia, constância e coerência.
Aqui está um resumo do que você precisa observar:
- Abandone o discurso genérico: Fale sobre problemas reais com soluções possíveis.
- Alinhe expectativas: Seja honesto sobre o que um deputado pode ou não fazer.
- Humanize o processo: Mostre as dificuldades e os bastidores do trabalho.
- Segmente sua comunicação: Entregue conteúdo relevante para os grupos que você representa.
- Mantenha a constância: Não apareça apenas em época de eleição.
Se você quer aprofundar seu conhecimento sobre como estruturar uma comunicação que vence eleições e sustenta mandatos sem depender de promessas vazias, eu recomendo fortemente que você conheça o curso Imersão Eleições. Lá, nós dissecamos essas estratégias com profundidade.
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Um abraço e até a próxima!



