Muitos profissionais e políticos ainda cometem o erro clássico de acreditar que a eleição é decidida apenas nos 45 dias do período oficial. A verdade, meu amigo, é que o jogo começa muito antes. A pré-campanha é o momento estratégico onde as bases da vitória são construídas. É nessa fase que definimos quem está preparado para a disputa e quem está apenas “passeando”. O planejamento de comunicação e o marketing político eficiente não nascem da noite para o dia; eles exigem tempo, análise de cenário e, principalmente, antecedência para criar uma vantagem eleitoral real sobre os adversários.
Neste período, o objetivo principal não é pedir votos — o que é vedado pela legislação —, mas sim apresentar ideias, debater problemas da cidade ou do estado e, acima de tudo, se tornar conhecido e respeitado. Para os profissionais de comunicação e assessores, entender a dinâmica da pré-campanha é vital para posicionar o candidato de forma competitiva. Quem deixa para começar em cima da hora, geralmente gasta mais dinheiro e obtém menos resultados. Portanto, vamos conversar sobre como estruturar esse trabalho de forma profissional.
Por que a pré-campanha define o resultado da eleição?
Imagine que você vai construir uma casa. Você começaria pelas paredes ou pelo alicerce? A campanha eleitoral é a casa pronta, mas a pré-campanha é o alicerce. Se ele for fraco, qualquer vento (ou crise) derruba a estrutura. É neste momento que você tem o ativo mais valioso de todos: o tempo.
Durante esses meses que antecedem o registro de candidatura, você tem a oportunidade de testar a aceitação do nome, ajustar o discurso e, fundamentalmente, errar. Sim, errar agora custa barato. Errar durante a campanha oficial pode custar o mandato. Além disso, é o momento ideal para a construção de reputação. O eleitor precisa saber quem é o pré-candidato, o que ele pensa e por que ele é relevante para a solução dos problemas coletivos.
Atenção à legislação e aos limites da propaganda
Um ponto que sempre reforço nas minhas aulas e consultorias: não brinque com a regra do jogo. A legislação eleitoral é clara sobre o que pode e o que não pode ser feito. O pedido explícito de voto é proibido, mas a exaltação das qualidades pessoais e a discussão de projetos políticos são permitidas.
Você deve usar a pré-campanha para ampliar seu conhecimento sobre as regras. Consulte advogados especialistas. Uma estratégia de marketing político agressiva, que desrespeita a lei, pode gerar multas ou até impugnação lá na frente. O segredo é saber navegar no limite do permitido, ocupando os espaços de debate sem cruzar a linha do pedido de voto.
Construindo reputação digital e presença online
Hoje em dia, se você não está no Google, você praticamente não existe para uma grande parcela do eleitorado. A comunicação digital na pré-campanha serve para criar um lastro. Quando o eleitor ouvir falar do seu nome, a primeira coisa que ele fará é pesquisar. O que ele vai encontrar?
Se ele encontrar apenas fotos de “recebidos” ou eventos sociais sem contexto, isso não gera voto. É preciso produzir conteúdo denso, artigos, vídeos opinativos sobre temas relevantes para a comunidade. Isso leva tempo para indexar. Por isso, começar cedo é criar uma vantagem eleitoral técnica. Enquanto seu adversário ainda está criando a página no Facebook em julho, você já deve ter um site bem posicionado e uma base de seguidores engajada.
A importância dos dados e do relacionamento
Comunicação não é apenas falar; é ouvir e registrar. A pré-campanha é a fase dourada para a construção de banco de dados. Esqueça a ideia de comprar listas prontas — isso é ilegal e ineficiente. Você precisa construir a sua própria base.
Use as redes sociais e as andanças presenciais para cadastrar pessoas interessadas no seu projeto. O WhatsApp, quando usado com permissão e estratégia, é uma ferramenta poderosíssima de mobilização. Se você chegar na campanha oficial com 5 mil, 10 mil contatos qualificados (pessoas que realmente querem te ouvir), você já largou quilômetros na frente de quem vai depender apenas do tempo de TV ou de impulsionamento frio.
Profissionalização da equipe de comunicação
Por fim, vamos ser francos: campanha não é lugar para amadorismo. Aquele “sobrinho que mexe no Instagram” não vai dar conta da pressão de uma guerra eleitoral. A pré-campanha serve para montar e entrosar sua equipe.
Testar designers, redatores, gestores de tráfego e coordenadores de campo agora permite que, quando o juiz apitar o início do jogo oficial, o time já esteja jogando por música. A desorganização interna é um dos maiores fatores de derrota. Profissionalize sua comunicação agora para não sofrer depois.
Resumo prático para sua pré-campanha
Para garantir que você absorveu o essencial, preparei uma lista rápida de verificação:
- Estude a lei: Saiba exatamente o que pode e o que não pode.
- Crie conteúdo denso: Tenha opinião e propostas claras, não apenas fotos de agenda.
- Organize seus dados: Comece seu banco de dados (mailing e WhatsApp) hoje mesmo.
- Monte o time: Selecione profissionais capacitados antes que o mercado fique escasso.
- Planeje o financeiro: Saiba quanto vai custar e comece a arrecadação assim que permitido (maio do ano eleitoral).
Quem faz o dever de casa na pré-campanha chega na eleição para vencer, não apenas para competir. Se você quer se aprofundar de verdade e dominar as técnicas mais modernas de estratégia eleitoral, recomendo fortemente que você conheça o curso Imersão Eleições. Lá, nós dissecamos cada uma dessas etapas com profundidade e prática.
Um grande abraço e bom trabalho!



