Iniciar uma corrida eleitoral exige muito mais do que apenas vontade de vencer. Um dos erros mais comuns que observo no cenário do marketing político é a falsa sensação de que há tempo de sobra e que as coisas se ajeitam com o andar da carruagem. A verdade, no entanto, é bem diferente. Uma pré-campanha para deputado bem estruturada é o alicerce que sustenta todo o processo eleitoral subsequente. Quando essa base é feita no improviso, as chances de sucesso diminuem drasticamente.
Para profissionais de comunicação política e candidatos, entender o momento certo de profissionalizar as ações é vital. O improviso costuma ser um sintoma de falta de estratégia eleitoral e desconhecimento sobre como o eleitorado consome informação hoje em dia. Não se trata apenas de estar na rua ou na internet, mas de como você está ocupando esses espaços. Se você não tem clareza sobre seus objetivos, seu público e sua narrativa, você já está atrasado.
Neste artigo, vamos conversar francamente sobre os sintomas que indicam que o seu projeto político pode estar indo para o buraco por falta de preparo. Identificar esses sinais agora é a única forma de corrigir a rota antes que o período oficial de campanha comece e a pressão aumente.
A ausência de um planejamento estratégico real
O primeiro e mais gritante sinal de improviso é a falta de um plano escrito e validado. Se eu perguntar agora qual é a sua meta de votos por cidade ou bairro e você gaguejar, temos um problema. Uma pré-campanha para deputado não pode ser guiada pelo “achismo”.
Muitos pré-candidatos ignoram suas próprias fragilidades e não fazem o dever de casa: o mapeamento de público. Tentar falar com todo mundo é a fórmula perfeita para não ser ouvido por ninguém. Se a sua segmentação é deficiente, sua comunicação perde força. O eleitor precisa sentir que a mensagem foi feita para ele. Além disso, se você não monitora dados e não sabe o que os adversários estão fazendo, está navegando no escuro, à mercê da sorte.
Comunicação digital: o erro de “postar por postar”
Aqui é onde a maioria escorrega feio. As redes sociais são ambientes de relacionamento e entretenimento, como um salão de festas. Ninguém gosta daquela pessoa que chega na festa, sobe numa cadeira e começa a falar apenas sobre si mesma. Mas é exatamente isso que muitos fazem no digital.
Se o seu feed está cheio de cards institucionais, fotos posadas com excesso de logomarcas e textos frios, você está “chateando” as pessoas. O improviso se revela quando não há uma narrativa consistente. O conteúdo inadequado, focado apenas na autopromoção e sem interação real, afasta o eleitor. Se a sua equipe posta apenas para cumprir tabela, sem entender a lógica do algoritmo e do comportamento humano, sua pré-campanha é invisível.
Liderança fraca e equipe sem preparo técnico
Uma campanha improvisada geralmente tem muitas cabeças mandando e pouca gente executando com qualidade. A fragmentação da liderança gera ruído. Quando o candidato e a equipe de comunicação não falam a mesma língua, a mensagem chega distorcida na ponta. Isso transmite insegurança.
Outro ponto crítico é a qualificação da equipe. Confiar a comunicação de um projeto tão sério a pessoas sem experiência técnica ou “sobrinhos que mexem no Instagram” é um risco enorme. O desempenho fraco em momentos públicos, como entrevistas e debates, muitas vezes decorre dessa falta de preparo e media training. Se a equipe não sabe gerenciar crises ou aproveitar oportunidades de exposição, o candidato fica isolado.
Gestão de recursos e desorganização na rua
Achar que campanha se faz apenas com dinheiro é um erro, mas achar que se faz sem gestão financeira é suicídio político. O improviso aparece quando se gasta muito no começo com itens supérfluos e falta verba para a reta final. A gestão ineficiente de recursos — sejam eles financeiros, humanos ou políticos — pode travar sua caminhada.
Além disso, as ações de rua (mobilização) precisam estar conectadas com a estratégia digital. Eventos vazios, material gráfico entregue sem critério e militância desmotivada são reflexos de uma coordenação que não planejou a logística adequadamente. E lembre-se: imprevistos acontecem. Se você não tem um plano de contingência para crises, está, por definição, improvisando.
Como corrigir a rota e profissionalizar
Se você identificou um ou mais desses sinais na sua pré-campanha, respire fundo. Ainda há tempo de ajustar as velas, mas é preciso agir rápido. A profissionalização não é um luxo, é uma necessidade de sobrevivência política.
- Pare e planeje: Reúna a equipe, defina metas claras e o público-alvo prioritário.
- Ajuste a narrativa: Troque a autopromoção por histórias que conectem com a dor e o desejo das pessoas.
- Qualifique o time: Invista em treinamento para que todos entendam o seu papel no jogo eleitoral.
- Monitore: Use dados para tomar decisões, não a intuição.
Para quem deseja se aprofundar e garantir que a campanha esteja blindada contra o amadorismo, eu recomendo fortemente buscar conhecimento especializado. Entender as regras do jogo e as melhores táticas de comunicação é o que separa os eleitos dos “quase lá”.
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