No século dezoito, aconteceu uma das maiores movimentações políticas da história do mundo, a revolução francesa. O povo, estimulado pela burguesia, promoveu um levante contra o rei Luís XVI, por causa dos elevados gastos da corte e da crise econômica que a França enfrentava. A revolução levou dez anos para ter seu fim, dando início ao período napoleônico.

Em 2013 tivemos o primeiro indício de levante da massa contra o governo. Centenas de milhares de jovens foram às ruas para pedir passe livre estudantil. O “gigante” como fora chamado, havia acordado.

Diferentemente da revolução francesa, o tal gigante fora organizado com uma velocidade acima do comum e a internet teve papel fundamental nessa mobilização. Foi por meio das redes sociais que os grupos se organizaram, marcaram reuniões e definiram proposições.

Algo que levaria meses para acontecer, realizou-se em semanas. A vantagem de não precisar se locomover para receber as diretrizes foi fundamental. O manifestante recebia as notificações em seu celular, podendo estar em qualquer lugar, realizando qualquer atividade.

As manifestações de junho de 2013 passaram, mas a lição ficou. Daquele momento em diante as manifestações seriam fenômenos da comunicação.

Em 2015, também por passarmos por uma crise econômica que trouxe a inflação e o desemprego de volta para a mesa do brasileiro, aliado a investimentos do governo mal empregados e ao alto custo da máquina pública, assim como os franceses, os brasileiros resolveram se mobilizar.

A diferença para 2013 está na composição e nas demandas. A comunicação que antes fora feita pelos jovens estudantes, agora passou para as mãos de empresários, profissionais liberais e funcionários públicos. A revolta amadureceu, cresceu e está mais empenhada.

Por mais que os líderes dos movimentos de rua pensem diferente, o povo que está indo para a rua quer, assim como os franceses quiseram, a cabeça da presidente da república.

O ato do dia 15 de março levou cerca de dois milhões de brasileiros a saírem de suas casas, em um domingo em que poderiam estar descansando. Tudo novamente organizado utilizando apenas a web como meio principal.

Ainda na internet, prevendo possíveis confrontos, até guias de boas práticas foram distribuídos com o objetivo de prepara os presentes para atos de hostilidade.

Diante do sucesso de público, nova data foi marcada para o dia 12 de abril e tudo indica que haverão outras.

O que no século dezoito levou uma década, pode levar menos de um ano agora.

Marcelo Vitorino, momento conectado para a Rádio Boa Nova