Uma das dúvidas mais recorrentes que recebo de alunos e clientes em consultoria é sobre o que não pode postar na pré-campanha. É natural que exista essa insegurança. Afinal, a linha que separa a liberdade de expressão da propaganda eleitoral antecipada pode parecer tênue para quem não vive o dia a dia da legislação eleitoral. Mas, vamos ser sinceros: o medo de errar não pode paralisar sua comunicação. O segredo está em entender a lógica por trás da norma para jogar conforme as regras.
Para profissionais de comunicação política, assessores e os próprios pré-candidatos, compreender essas vedações é vital. Um erro agora pode custar caro lá na frente, gerando multas ou, no pior cenário, problemas no registro da candidatura. O período de pré-campanha não é um momento de silêncio, pelo contrário. É a hora de construir reputação, gerar autoridade e conectar-se com as pessoas. Porém, a forma como você faz isso precisa ser estratégica e cautelosa.
Neste artigo, vou explicar de forma direta e sem “juridiquês” os principais pontos de atenção. Você vai entender onde estão as armadilhas nas redes sociais e como desviar delas para chegar no período eleitoral com a ficha limpa e a imagem fortalecida. Preparei este material para ser seu guia de bolso sobre as proibições digitais.
O pedido explícito de voto: a regra de ouro
Vamos começar pelo básico, mas que muita gente ainda escorrega. Você deve saber que o que não pode postar na pré-campanha, sob hipótese alguma, é o pedido explícito de voto. Parece óbvio, não é? Mas o diabo mora nos detalhes. Não é apenas evitar a frase “vote em mim”. A Justiça Eleitoral entende que expressões que tenham a mesma carga semântica também são problemáticas.
Por exemplo, frases como “conto com seu apoio para chegar à Câmara”, “vamos juntos para a vitória” ou o uso de números (o futuro número de urna) associados à sua imagem podem ser interpretados como pedido de voto. Na pré-campanha, você deve se apresentar como pré-candidato, dizer que tem intenção de disputar, mas nunca pedir a confirmação do voto do eleitor agora. Guarde essa energia para quando a campanha oficial começar.
Promessas de campanha e planos de governo
Aqui está uma confusão comum. Muitos acreditam que falar sobre os problemas da cidade é proibido. Não é! Você pode — e deve — apontar falhas na gestão atual, mostrar buracos na rua, criticar a falta de remédios. O que você não pode fazer é apresentar um plano de governo fechado ou fazer promessas de execução condicionadas à sua eleição.
Evite construções como: “Quando eu for eleito, vou construir uma creche aqui”. Isso configura promessa de campanha. Prefira uma abordagem de debate de ideias: “Esta comunidade precisa urgentemente de uma creche. É inaceitável que as mães não tenham onde deixar seus filhos”. Percebe a diferença? Na segunda frase, você mostra conhecimento do problema e empatia, construindo reputação política, sem prometer que você, pessoalmente, vai resolver isso como mandatário.
Cuidado redobrado com o impulsionamento
O uso de tráfego pago é permitido na pré-campanha, mas com ressalvas gigantescas. Se você errar a mão aqui, o problema é abuso de poder econômico. O impulsionamento deve ser moderado. O que isso significa? Que você não pode gastar valores exorbitantes que desequilibrem a futura disputa. Se o seu adversário não tem recursos e você inunda as redes sociais com dinheiro antes da hora, isso pode dar problema.
Além disso, jamais impulsione conteúdos que exaltem apenas suas qualidades pessoais de forma descarada ou que ataquem adversários. O impulsionamento serve para ampliar o alcance de ideias e posicionamentos, não para guerra política ou promoção pessoal excessiva que configure campanha antecipada.
Meios proscritos: o que é proibido no offline vale no online?
A lógica é similar. Tudo que é considerado meio proscrito (proibido) na campanha, também é vedado na pré-campanha. Por exemplo, outdoors são proibidos. Logo, você não deve criar “outdoors digitais” ou banners que simulem essa estética de poluição visual e massificação apenas do nome e número.
Outro ponto importante sobre o que não pode postar na pré-campanha diz respeito à distribuição de brindes ou vantagens. Sorteios nas redes sociais? Nem pensar! Isso pode ser configurado como compra de voto ou abuso de poder econômico. A relação com o eleitor deve ser construída na base da confiança e das propostas, não da troca de favores ou prêmios.
Resumo prático para não errar
Para facilitar sua vida, preparei um checklist rápido do que evitar:
- Zero pedido de voto: Nem “vote em mim”, nem “conto com você na urna”.
- Sem número de urna: Não divulgue o número que você usará na eleição, nem faça alusões visuais a ele (ex: fazer o número com as mãos de forma ostensiva em todas as fotos).
- Nada de “quando eu for eleito”: Discuta problemas, não faça promessas futuras de execução.
- Impulsionamento moderado: Gaste com responsabilidade e foco em conteúdo, não em pedido de voto (que é proibido no pago em qualquer época).
- Sem ataques pessoais: Críticas políticas são válidas; ofensas à honra e fake news são crimes.
A pré-campanha é o momento de preparar o terreno. Quem planta reputação agora, colhe votos na campanha oficial. Se você quer se aprofundar nas estratégias corretas e seguras para vencer a eleição, eu recomendo fortemente que você conheça o curso Imersão Eleições. Lá, nós dissecamos cada passo do planejamento eleitoral para você não correr riscos desnecessários.
Espero que este artigo tenha clareado suas ideias. Mantenha o foco, trabalhe com ética e boa sorte na jornada!



