Na era das redes sociais, o tempo disponível para captar a atenção das pessoas é cada vez menor, e uma alternativa valiosa para passar mensagens claras e despertar a conexão com o público de maneira rápida e direta é a fotografia política. Mas quando se trata de comunicação política, uma boa foto precisa ir além da estética e conter coerência e estratégia, já que neste cenário a fotografia tem um papel fundamental na construção simbólica de qualquer liderança política, seja um candidato, mandatário ou gestão.
Neste artigo, você vai entender por que campanhas e mandatos continuam acumulando fotos que não dizem nada, e o que pode ser feito para transformar cliques em peças estratégicas de comunicação política.
O erro mais comum da fotografia política
A maioria das fotos produzidas por equipes de comunicação política ainda é resultado de agendas protocolares: registros capturados apenas para “mostrar que o prefeito esteve lá”. O problema é que esse tipo de imagem não diz nada sobre o evento, sobre o político e nem sobre o que se pretende comunicar à população.
O primeiro passo para uma fotografia estratégica é simples, mas quase sempre ignorado:
O que queremos comunicar com esta imagem?
Se a resposta não for clara antes do clique, o resultado será mais uma foto que ocupa espaço, mas não constrói reputação.
Um objetivo para cada foto
Imagens políticas precisam carregar uma intenção clara. Elas devem ser planejadas para reforçar um aspecto específico da imagem pública do político.
Alguns dos objetivos de uma imagem política podem ser:
- Gerar empatia: aproximar o político das pessoas;
- Mostrar vigor físico: reforçar disposição para o trabalho;
- Demonstrar escuta ou autoridade: representar liderança ou atenção genuína;
- Comunicar presença: mostrar atuação em lugares relevantes para o eleitor;
- Reforçar identidade: alinhar a imagem ao discurso (popular, técnico, experiente);
- Revelar bastidores: humanizar e aumentar a identificação;
- Despertar emoção: provocar alegria, indignação ou confiança;
- Jogar foco: destacar elementos que interessam à gestão ou à campanha.
Cada objetivo requer escolhas conscientes de cenário, linguagem corporal, enquadramento, ângulo e vestuário.
Como uma foto pode reforçar a reputação política
É comum ver prefeitos ou candidatos fotografados com roupas caras em periferias, com expressão cansada em agendas importantes, ou cercados de aliados em excesso em momentos que exigiriam foco na população.
Esses são exemplos do que o professor Marcelo Vitorino chama de contradição visual-verbal: quando a imagem passa uma mensagem oposta ao que o discurso político tenta construir.
A coerência entre imagem e fala é fundamental. O contrário disso gera ruído, afasta o eleitor e enfraquece a autoridade política.
Na fotografia política técnica importa. Mas só depois da intenção
Segundo Brunno Zotto, fotógrafo político, a técnica fotográfica só faz sentido quando está a serviço de uma intenção comunicacional. Ângulo, luz, profundidade e plano de fundo precisam reforçar a narrativa desejada.
Veja como as decisões técnicas influenciam a leitura política da imagem:
- Ângulo baixo: transmite poder e liderança;
- Ângulo alto: sugere fragilidade ou submissão;
- Olho no olho: cria sensação de igualdade e proximidade;
- Fundo institucional: reforça autoridade e técnica;
- Cena comunitária: comunica empatia e conexão popular;
- Terno escuro: formalidade e respeito;
- Camisa simples: acessibilidade e autenticidade.
A imagem comunica antes mesmo da legenda.
Dicas práticas para quem fotografa política
- Planeje sessões com objetivos claros (ex: registrar escuta, mostrar obras, destacar articulação política)
- Crie um banco de imagens categorizado por objetivo, não por evento
- Varie os registros (ação, escuta, bastidores, emoção)
- Faça revisões periódicas no banco de imagens: quais mensagens estão faltando?
- Renove imagens quando houver mudança de posicionamento ou cenário político
Quer se aprofundar mais?
A Academia Vitorino e Mendonça realizou uma aula especial com Marcelo Vitorino e Brunno Zotto, destrinchando tudo isso na prática. Eles analisaram dezenas de fotos reais, mostrando o que funciona, o que compromete a imagem e como alinhar estética, intenção e estratégia política.
Assista à aula completa aqui:
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Até a próxima!