Quem trabalha com comunicação política já sabe: vivemos um novo tempo na construção e no desenvolvimento das campanhas eleitorais, principalmente na questão do financiamento eleitoral.
Esse novo momento é resultado da proibição das doações empresariais, que reduziu drasticamente os recursos disponíveis para as campanhas eleitorais.
Até 2014 empresas podiam doar recursos para candidatos e partidos e faziam isso em larga escala, para diferentes grupos ideológicos, com a intenção de se aproximar de todas as esferas de poder.
As doações eram feitas de forma pragmática, seguindo uma lógica econômica e buscando candidatos com chance de vitória, independentemente do partido.
Novo cenário no financiamento eleitoral
Sem os recursos oriundos das grandes empresas, as doações de pessoas físicas ganharam mais importância, mas ainda não são exploradas corretamente pelas campanhas eleitorais.
As doações feitas por pessoas físicas são essencialmente ideológicas. As pessoas só colocam a mão no bolso por uma ideia ou projeto que apoiam integralmente.
Essa mudança de paradigma não foi absorvida pelos políticos brasileiros. Muitos ainda repetem velhos mantras, como “o eleitor brasileiro não doa dinheiro para candidatos ou partidos”.
Uma bobagem. O eleitor não doa para político generalista e para partido que não possui ideologia. Mas está pronto para participar ativamente de uma campanha eleitoral que o represente verdadeiramente.
Os partidos políticos, em sua origem, e muitos até hoje, são também financiados por contribuições de filiados. O NOVO é um exemplo, o partido possui uma política de cobrar altos valores de seus candidatos e também contribuições mensais de seus filiados. O PT historicamente faz a mesma coisa.
Tivemos muitos exemplos de campanhas de financiamento coletivo nos últimos anos no país. Algumas obtiveram muito sucesso, outras foram um fracasso retumbante.
As campanhas que obtiveram sucesso foram, em via de regra, utilizaram um forte apelo ideológico.
Candidato à Prefeitura do Rio de Janeiro em 2016, Marcelo Freixo realizou uma das campanhas de crowdfunding mais exitosas da política brasileira.
Muitas das doações recebidas foram oriundas de outros estados brasileiros. A única explicação para esse fenômeno é a identificação ideológica.
Comunicação política
A construção do discurso ideológico é um trabalho de médio e longo prazo e passa pela elaboração de um bom planejamento de comunicação e marketing político.
Como define o professor Marcelo Vitorino, o conteúdo político deve sensibilizar, motivar e mobilizar os eleitores.
Crie um relacionamento com as pessoas, faça com que elas sintam-se parte essencial do projeto.
Financiamento eleitoral em 2020
Estamos há poucos meses das eleições municipais de 2020 e muitos candidatos, tanto para o cargo de vereador, quanto de prefeito, enfrentam dificuldades para viabilizar e financiar suas campanhas eleitorais.
O Fundo Eleitoral não será suficiente para financiar todas as campanhas e as lideranças partidárias novamente destinarão os recursos para os candidatos com maior chance de vitória.
Portanto, mais do que esperar recursos partidário, os candidatos precisam criar uma identificação ideológica com seu eleitorado e construir uma comunidade disposta a financiar esse projeto eleitoral, seja por meio de doações individuais, seja por meio do financiamento coletivo.
Crowdfunding Eleitoral
O Crowdfunding é muito mais do que uma fonte de receita, é uma poderosa ferramenta de engajamento e mobilização de pessoas.
Ao criar um bom projeto de captação de recursos por meio do Crowdfunding, o político poderá conquistar parte ou mesmo a totalidade dos recursos necessários para a sua campanha eleitoral ou projeto político e também angariar embaixadores, fortalecer o seu mailing de apoiadores, conquistar mídia espontânea e marketing digital gratuito.