Tudo indica que teremos eleições municipais com um ambiente eleitoral muito diferente dos últimos pleitos e todo prefeito que não entender imediatamente o que está por vir corre o risco de ver sua reeleição afundar. Parte desse ambiente virá de mudanças na legislação eleitoral, outra parte pela mudança no comportamento do eleitor e, por fim, pelo crescimento no uso da internet e das redes sociais.
De forma resumida, destaco 5 pontos de atenção para candidatos:
O fim do sistema de coligações para candidaturas proporcionais multiplicará candidatos
Na legislação eleitoral, uma mudança significativa que entra em vigor para 2020 é o fim do sistema de coligações para candidaturas proporcionais que, na prática, inviabiliza o uso de puxadores de votos para coligações. Com essa mudança, serão eleitos os candidatos mais votados apenas dentro dos seus partidos, desde que o partido consiga atingir o quociente eleitoral.
Logo, partidos que quiserem ter uma chance maior de elegerem vereadores terão que se esforçar em lançar candidatos muito competitivos para vereança ou ter, no mínimo, um bom candidato à prefeitura, o que fará que as grandes coligações como víamos antigamente deixem de existir, aumentando por consequência, o número de candidaturas majoritárias.
O uso eficaz do WhatsApp demanda tempo e esforço
Nos últimos anos criou-se a ideia de que candidatos deveriam ter muitos grupos de WhatsApp, mas a verdade é que eles não servem para muita coisa, além disso, a plataforma promoveu uma mudança que permite ao usuário bloquear que seu número seja adicionado a grupos, o que deve ser utilizado por muitas pessoas assim que o período eleitoral começar.
O disparo em massa também está sendo alvo de críticas e provavelmente haverá alguma mudança na legislação para dificultar o uso indiscriminado da plataforma, em complemento as leis já vigentes, que impedem candidatos de usar bases de dados de terceiros em suas campanhas.
Para conseguir bons resultados só há uma forma segura: divulgar um número e pedir para que pessoas o cadastrem em suas agendas, e à partir daí, criar listas de transmissão manualmente.
A melhor defesa contra fake news é a defesa antecipada
Em toda eleição o mesmo cenário se repete: dezenas de boatos são espalhados no início do ano eleitoral, mesmo antes da campanha política ter seu espaço. Para lidar com isso é preciso estar bem planejado e agir muito antes, pois qualquer estratégia nesse sentido leva um bom tempo para dar certo.
A comunicação deve fazer o mapeamento de todos os possíveis pontos frágeis e, ao menos, um ano antes da eleição, preparar conteúdos em texto e vídeo sobre esses pontos, para que estejam bem indexados nos mecanismos de busca como o Google, o que costuma levar mais de três meses, dependendo de como os conteúdos forem publicados.
Outras medidas podem ser tomadas, como o registro de domínios que podem ser usados para fortalecer campanhas de adversários como, por exemplo, “forafulano.com.br” e “fulanonuncamais.com.br”.
A narrativa de última hora não vence a novidade
Em 2018, percebemos campanhas majoritárias balizadas predominantemente pela discussão de valores morais, em detrimento a questões relacionadas a gestão, e essa tendência pode se repetir em 2020, abrindo espaço para candidatos menos experientes, com facilidade para discursos de fácil consumo, e com características midiáticas.
E como ficam os demais? Precisarão investir imediatamente na formação de narrativas consistentes que reforcem seus pontos fortes, ao invés de relegar essa construção para o período eleitoral, que está cada vez mais curto e com menos recursos.
Quem busca reeleição está em uma situação ainda pior, pois enfrentará como adversário a própria gestão e, na maioria dos casos, a insatisfação do eleitorado e o desejo por algo novo. Nestes casos, sugiro uma revisão imediata de tudo que foi feito até agora, com a realização de grupos focais para compreender como a população percebeu a gestão até agora, e traçar correções que tenham impacto antes do ano eleitoral.
O uso indevido das redes sociais institucionais pode tornar um candidato inelegível
Em busca por likes e por popularidade, muitos prefeitos estão usando redes sociais da gestão de forma indevida, em desacordo com o que está expresso na Constituição Federal:
§ 1º A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá ter caráter educativo, informativo ou de orientação social, dela não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos.
Já existem diversos processos julgados pelo TSE que culminaram na cassação e na inelegibilidade de prefeitos, como o do prefeito de Mairiporã, cidade do interior paulista.
É importante ressaltar que procuradores municipais podem não mostrar oposição às ações de promoção pessoal nos canais institucionais, mesmo conhecendo a lei. Essa atitude acontece por um motivo: procurador municipal é defensor do município, não do prefeito. O município não corre risco nenhum. Quem corre é o prefeito.
Dentre as muitas possibilidades, destaco como as mais problemáticas o uso de funcionários comissionados para alimentação de canais pessoais, o uso de espaços públicos para promoção pessoal, a promoção de atos da gestão de forma nominal em redes institucionais e o compartilhamento de conteúdos publicados nas redes pessoais pelas redes institucionais.
Posso dar dois conselhos? O primeiro é: contrate um bom especialista. O segundo é: escute o especialista.
2020 já começou e é preciso estar cada vez mais preparado para os desafios dessas eleições que serão diferentes de todas as que você já disputou ou acompanhou.
Para de ajudar na compreensão deste novo cenário e, desde já, na construção de uma narrativa sólida e bem estruturada, recomendo que conheça o Guia do Marketing Político, um clube de assinaturas que te dará acesso a cursos de várias áreas do marketing político, como a construção de narrativas, uso de WhatsApp em campanhas e muito mais.
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