Uma das dúvidas mais frequentes que recebo de políticos e profissionais de comunicação é sobre o momento exato para lançar a pré-candidatura. A ansiedade é grande, afinal, colocar o bloco na rua parece ser o primeiro passo para a vitória. No entanto, no marketing político, o tempo é um ativo valioso e saber usá-lo é o que diferencia amadores de profissionais. A decisão de quando fazer o lançamento oficial não deve ser baseada apenas na vontade do candidato, mas sim em uma estratégia eleitoral sólida.
A legislação eleitoral brasileira mudou bastante nos últimos anos e hoje permite que a pré-campanha seja trabalhada com muito mais liberdade do que antigamente. Você não precisa mais esperar as convenções partidárias para dizer que pretende disputar um cargo. Contudo, existe uma diferença enorme entre o que a lei permite e o que a estratégia recomenda. Lançar-se sem estrutura, sem narrativa e sem base de apoio é a receita perfeita para uma candidatura que nasce fraca.
Neste artigo, vamos conversar sobre como identificar o timing ideal para o lançamento, o que você precisa ter em mãos antes de dar esse passo e como evitar queimar a largada nas eleições. Se você quer chegar ao período eleitoral com chances reais, preste atenção nesses pontos.
O que diz a legislação sobre a pré-campanha
Primeiro, vamos tirar a questão jurídica da frente. Desde as últimas reformas eleitorais, a pré-campanha não tem uma data de início rígida definida em lei, mas convencionou-se que o ano eleitoral já é o palco desse movimento. A lei permite que você se apresente como pré-candidato, participe de entrevistas, debates e exponha suas ideias, desde que não faça o pedido explícito de voto.
Isso significa que, juridicamente, você poderia se lançar a qualquer momento. Mas aqui entra a estratégia: só porque você pode, não significa que você deve fazer isso agora. O lançamento oficial é um fato político. E fatos políticos precisam gerar repercussão, demonstrar força e engajar pessoas. Se você faz um anúncio e ninguém presta atenção, você desperdiçou uma das suas melhores munições.
O que você precisa ter antes de lançar
Antes de marcar a data do lançamento da sua pré-candidatura, faça um checklist honesto. Você não convida pessoas para uma festa se a casa não estiver arrumada e a comida não estiver pronta. Na política é a mesma coisa. Para um lançamento eficaz, você precisa de:
- Narrativa definida: As pessoas precisam saber por que você quer ser candidato e o que você representa. Sem isso, você é apenas mais um nome na multidão;
- Canais de comunicação organizados: Suas redes sociais estão profissionais? Você tem um site ou uma landing page para captar contatos? Tem uma lista de transmissão no WhatsApp pronta para receber os interessados?
- Base de apoio inicial: Não lance sua pré-candidatura para uma sala vazia. Você precisa ter um grupo inicial de apoiadores, líderes comunitários ou militantes que vão fazer barulho junto com você;
- Material de qualidade: Boas fotos e vídeos são essenciais. A imagem comunica credibilidade. Lançar-se com uma foto amadora tirada no celular em um ambiente escuro passa a mensagem errada.
O timing estratégico: quem chega cedo bebe água limpa?
Existe um ditado que diz que “quem chega cedo bebe água limpa”. Na pré-campanha, isso é parcialmente verdade. Começar a trabalhar a reputação e a construção de imagem deve ser feito o quanto antes. Porém, o evento de lançamento oficial deve ocorrer quando você tiver musculatura para mostrar.
Se você é um candidato novo, precisa de tempo para se tornar conhecido. Nesse caso, lançar a pré-candidatura mais cedo ajuda a legitimar suas movimentações e conversas. Se você já tem mandato e busca a reeleição, talvez seja mais interessante segurar o anúncio oficial para criar expectativa ou para não se tornar alvo de ataques prematuros.
O ideal é que o lançamento aconteça em uma curva ascendente. Você começa organizando a casa, conversando com lideranças, ajustando o discurso e, quando sente que tem tração, faz o anúncio para impulsionar esse crescimento.
O formato do lançamento
Antigamente, lançamento de candidatura era sinônimo de salão de festas cheio, bandeiras e discursos longos. Hoje, o cenário híbrido é o mais indicado. Um evento presencial é importante para gerar imagens de apoio e força (a famosa “foto de cheiro de povo”), mas a repercussão digital é o que vai garantir o alcance.
Planeje o lançamento pensando em como ele será consumido nas redes sociais. Tenha alguém para fazer a cobertura em tempo real, produza cortes dos melhores momentos do seu discurso e tenha materiais prontos para que seus apoiadores compartilhem. O lançamento não acaba quando o evento termina; ele deve reverberar nos dias seguintes.
Erros comuns que você deve evitar
Para fechar, cuidado com os erros clássicos. O maior deles é achar que o lançamento vai resolver seus problemas de desconhecimento. O lançamento não é mágica, é um marco.
Outro erro é lançar e parar. A pré-candidatura exige constância. De nada adianta fazer um barulho enorme em um dia e sumir na semana seguinte. Tenha um cronograma de ações pós-lançamento para manter a chama acesa e a militância engajada.
Lançar uma pré-candidatura é um ato de coragem, mas deve ser, acima de tudo, um ato de inteligência. Prepare o terreno, organize sua comunicação e escolha o momento em que você possa mostrar força e consistência.
Se você quer aprender o passo a passo detalhado de como estruturar essa fase decisiva, recomendo que conheça o Imersão Eleições. Lá, nós aprofundamos essas estratégias e preparamos você e sua equipe para enfrentar o processo eleitoral com profissionalismo.



